A farra da escolha de desafiantes aos títulos WBC continua

25/11/2024

Jorge Luiz Tourinho

25 de Novembro de 2024

É impressionante a subserviência a interesses de promotores. Não se limita ao WBC. Saudade do tempo em que os organismos reitores tinham Comitês de Classificação e de Campeonato. Foi estabelecida, para fazer justiça aos desafiantes à faixa mundial, a regra ou norma, segundo a qual, o campeão universal teria que expor seu cinturão, alternadamente, frente ao primeiro da lista (o desafiante obrigatório) e um desafiante opcional que estaria na mesma relação da posição 2 até a 10 (hoje 15).

O fato novo é que existem muitas entidades concedendo cetros. Além disso, há diversos empresários que não se bicam. Alguns deles (Top Rank, Golden Boy e Queensberry, por exemplo) têm muito dinheiro e investem bastante com eventos milionários. Para não desagradá-los vem a obediência quase cega e estúpida.

Não basta mandar classificar um dos seus contratados entre os quinze rivais do ranking e depois alçá-lo à condição de oponente ao título mundial. Não. Agora vem a mania condenável de escolher qualquer um da relação de 40 nomes do Conselho!!! E aquela que considerada a maior das quatro grandes pelo extraordinário comentarista ESPN Eduardo Ohata vem se curvando a toda e qualquer proposta de empresários. Mesmo que seja espúria e ordinária.

Para tentar minimizar as pouquíssimas críticas, citam o interessante ranking da revista The Ring para emplacar suas disputas. Críticas vindas do Brasil nem são nem serão lidas.

A conversa é clara: o evento está na casa de milhões de US$ dolar ou UK$ libra. Ora bolas, isso não é motivo para desconsiderar boxeadores que, com muito suor e sangue, ascenderam à invejável posição de desafiante #1 ou #15. Pelo contrário, ao invés de sair fortalecido, o WBC fica cada vez mais nas mãos dos poderosos promotores.

Depois das danças envolvendo os nomes de Canelo Álvarez e do Rei Cigano Fury, é a vez do campeão dos leves Shakur Stevenson brincar de escolher adversário. O excelente Shakur fez uma defesa contra Artem Harutyunkian (escrevi certo?). Agora seria a vez do número um, o agressivo William "Camarão" Zepeda (32-0). O argumento para não topar com Gervonta, Lomachenko ou Muratalla são os interesses conflitantes com os outros empresários. Porquê não pegar Zepeda? Alegam que o pay-per-view não seria o desejado...

A bizarrice segue adiante com a elevação do também norte-americano Floyd Schofield (18-0) para enfrentar Shakur em 22 de fevereiro em Riad, EAU. Hoje na posição 40, Schofield não tem a experiência nem combateu boxeadores Top 10. A escolha de De La Hoya e seus companheiros veio depois que os apoderados de Zepeda preferiram tomar outro rumo que não o do Conselho. Caramba! Quem é o número dois da lista? Muratalla, contratado da Top Rank…

Qual será a primeira das grandes a rechaçar qualquer tipo de manipulação?

PS: se sair a luta, cravo 90-10 para Stevenson.