Academia onde luta clandestina foi realizada será interditada em Teresina, PI

17/06/2021

O Ministério Público do Piauí, através da 54ª Promotoria de Justiça de Teresina, expediu no dia 11 de junho parecer favorável ao pedido de interdição da academia "Fundo de Quintal". Sugestivo nome onde foi realizada a luta clandestina que resultou na morte de Jonas de Andrade Carvalho Filho, em abril deste ano. O pedido foi feito pela Polícia Civil. O parecer foi elaborado e assinado pela promotora de Justiça Gianny Vieira de Carvalho.

No documento, a representante do Ministério Público explica que, no inquérito policial, ficou constatado que o evento não possuía nenhuma autorização para sua realização. Os organizadores, segundo informações prestadas à Polícia Civil, ainda tentaram obter algum tipo de apoio da Federação Piauiense de Boxe Amador e Profissional. Porém, a entidade informou sobre a impossibilidade de apoiar a iniciativa em função da pandemia da Covid-19 e dos decretos estaduais, que restringiam a realização de eventos com aglomeração de pessoas em todo o estado.
Apesar da negativa da entidade e das orientações das autoridades sanitárias para conter a disseminação do novo coronavírus, os organizadores promoveram a luta.
"Entende este Órgão Ministerial, portanto, que a Autoridade Policial logrou êxito em expor os motivos ensejadores do pedido em comento, visto, resta claro, o total desrespeito dos organizadores do evento esportivo perante o Decreto Estadual, como também para com a vida humana", explicou a promotora de Justiça Gianny de Carvalho.


Assim, o Ministério Público Estadual, por meio da 54ª PJ, opinou pelo deferimento do pedido de interdição da academia "Fundo de Quintal", em caráter de urgência, a fim evitar-se prejuízos e danos a terceiros, com fundamento no artigo 268 do Código Penal e no Decreto Estadual n° 19.582/2021.Lembre do caso:
Um homem identificado como Jonas de Andrade Carvalho Filho, de 34 anos, morreu após passar mal durante uma luta numa noite de sábado na Academia Fundo de Quintal, no bairro Itaperu, zona Norte de Teresina, PI. O lutador sofreu vários golpes na região da cabeça e veio a óbito após sofrer uma parada cardíaca no hospital Buenos Aires.


A organização do evento considerou que o evento não era clandestino. Que estariam presentes árbitros e paramédicos para caso ocorresse algum incidente, como aconteceu. No entanto, pelo Decreto nº 19.582, de 18 de abril de 2021, vigente desde a segunda-feira (19), estava proibido qualquer tipo de evento, desde espaços públicos ou privados, que promovessem aglomerações.


Imagens do momento em que o lutador é atendido ainda no ringue e é levado às pressas ao hospital foram divulgadas. Pelos vídeos é possível perceber uma aglomeração no local, em detrimento aos protocolos sanitários previstos contra a Covid-19. A organização explicou que choveu durante a luta e muitas pessoas precisaram se abrigar no local mais fechado perto do ringue.


A Federação Piauiense de Boxe Amador e Profissional (FEPIBAP) se manifestou informando que não apoiou o evento. Marcos Oliveira, seu presidente, foi claro. "É lamentável o que aconteceu, onde um atleta veio a óbito após uma luta clandestina. Quero deixar claro que a federação não tem nada relacionado com o evento. Quando a federação organiza ou apoia um evento, tem que ser tudo dentro das regras das maiores entidades do boxe mundial. Uma delas é o Conselho Nacional de Boxe (CNB), da qual somos filiados aqui no Piauí", disse.

Fonte: Meio Norte Online