Anthony Joshua vence Jermaine Franklin e espera pelo campeão unificado

04/04/2023

Jorge Luiz Tourinho

3 de Abril de 2023

Não foi dessa vez que o ex-campeão mundial dos pesados Anthony Joshua (25-3) se viu obrigado a pendurar as luvas. Tinha ameaçado aposentar-se do Boxe caso fosse derrotado na noite de sábado em Londres por Jermaine Franklin (21-2). A zebra passou muito longe da O2 Arena. Em nenhum momento Joshua esteve a ponto de perder.

Nem mesmo no único assalto no qual o vi levar desvantagem houve o perigo da luta ser abreviada. AJ dominou fazendo de sua maior envergadura e o um-dois (jab de esquerda – direto de direita) o arsenal suficiente para triunfar diante de um adversário apenas valente com pouca inspiração e lento.

A diferença de potencial deve ter feito os analistas pensarem porque o inglês não partiu para resolver o cotejo antes do gongo final. Outros, menos avisados, podem ter se perguntado como Joshua foi campeão mundial com esse boxe. Creio que esse Anthony de primeiro de abril de 2023 não é o mesmo boxeador que venceu Wladimir Klitschko em 29 de abril de 2017.

Depois da surpreendente derrota por nocaute técnico para Andy Ruiz em junho de 2019 nos EUA, Joshua perdeu a característica que tanto encanta o locutor Hugo Botelho e o comentarista Servílio de Oliveira: a volúpia por conseguir a vitória pela via do clorofórmio.

Mesmo com o domínio do ringue e vencendo os rounds, Joshua não se arriscou a nenhuma troca de golpes. Quando Franklin conseguia encurtar e chegar perto ele buscava o clinche sem medo de ser vaiado (o que não aconteceria em Londres).

O resultado foi a decisão unânime, clara e sem contestação. Os juízes marcaram 118-111 e 117-111 (2). Para mim, com muito boa vontade, 119-109.

Bem, se o Rei Cigano conseguir sair campeão unificado em possível contenda com o dificílimo (para negociar os direitos da super luta) Oleksandr Usyk, pode ser que se apresente um mega evento envolvendo os dois carismáticos ingleses. Peleja que pode chegar a distribuir 100 milhões de libras esterlinas.

No atual estágio de ambos, não me arrisco em errar ao dizer que Fury é o franco favorito. Contudo, uma bolsa milionária de, pelo menos, 40 milhões de libras no mítico estádio de Wembley pode ser o episódio final da carreira de Anthony Joshua.

De Jermaine Franklin, posso escrever que me fez recordar de Oscar "Ringo" Bonavena, o peso pesado argentino que deveria ser vencido por quem queria disputar o título universal. Este parece ser o Ringo de nossos tempos. Franklin é forte, aguenta pancada e bota alguma pressão. Ou seja, se você tem um peso pesado e quer saber se ele pode chegar a disputa de título, então coloque-o contra o Jermaine.

Preliminares que assisti na DAZN.

Moscas – Galal Yafai (4-0) TKO4 Moisés Calleros (36-11-1).

Espetacular peso mosca esse Yafai! Calleros foi para a troca franca e exigiu bastante do vencedor. Se foi um teste, Galal passou com sobras. Não se iluda com o cartel cheio de derrotas do mexicano. Ele foi um oponente de verdade.

O curioso e lamentável foi ouvir o desagradável e espalhafatoso empresário Eddie Hearn falar em Chocolatito e Gallo Estrada com a maior tranquilidade. Calma com o andor que Yafai não é o Lomachenko. Busque o cinturão europeu. Depois veremos.

Pesados – Fabio Wardley (16-0) TKO4 Michael Polite Coffie (13-4).

Combate interessante que mostrou o domínio do vencedor diante de um norte americano gigantesco, forte e lento. Wardley fez da sua velocidade o caminho para ir fazendo 10-9 nos três capítulos marcados.

No quarto, um castigo fez o árbitro Howard Foster decretar o nocaute técnico de maneira precipitada e, para mim, surpreendente. O britânico Fabio não precisaria disso para vencer. Coffie ensaiou um protesto, mas deixou pra lá. Vestiu a camisa de boxeador escada e pegou seus, sei lá, 50 mil dólares e voltou para Orlando.

Wardley mostrou velocidade e pegada, mas precisa ser visto diante de alguém que exija dele alguma coisa.

Imagem: ClaroSports