Artur Beterbiev chega ao vigésimo nocaute em vinte lutas
Jorge Luiz Tourinho
15 de janeiro de 2024
Depois de uma conjuntivite braba que deixou o meu único olho bom com visão turva, volto a produzir conteúdo para o nosso site. Nada melhor do que exaltar os grandes boxeadores que se apresentaram em Quebec, Canadá, no dia 13 de janeiro. A excelente noitada nos chegou pelo Canal Combate que trata o telespectador muito bem por nos privar do excesso de comerciais.
A luta final trouxe mais uma vitória por nocaute do pegador russo-canadense Artur Beterbiev (20-0, 20 KO). O favoritismo do campeão meio-pesado WBC, IBF e WBO foi se confirmando desde a campainha inicial até o abandono no sétimo assalto pedido pelo treinador Buddy McGirt. Um verdadeiro trabalho de demolição. Cruel e metódico.
Além do poder de punch, o pupilo de Marc Ramsey aguenta pancada como poucos. Isso deve lhe fazer crescer a confiança na busca pela definição antes do tempo pactuado. Infeliz e lamentavelmente, o desafiante inglês Callum "Mundo" Smith (29-2) não esteve à altura do embate. Perdeu todos os capítulos pouco fazendo para sair campeão.
Esperava-se que o britânico usasse sua maior envergadura – 15 cm a mais – para manter a fera numa distância mais confortável para trabalhar com seu jab de esquerda e golpes de direita. Contudo, nada disso pode produzir o mais novo dos irmãos Smith, os quatro são boxeadores. Inclusive, me pareceu batido já no intervalo do segundo round.
Alguém que sobe no quadrilátero como desafiante a qualquer cinturão tem que mostrar aos juízes e a todos que o deseja. Não foi o caso do ex-campeão dos super médios da WBA. Pelo menos na minha visão. Os juízes o viram triunfar em um ou dois tempos. Para mim o cotejo estava sendo 60-54 para Beterbiev até o sexto episódio.
O caminho para triunfar seria, para o campeão, apertar, encurtar a distância e meter a mão. Para Smith seria ficar na longa distância, batendo e caindo fora. A ideia de aceitar a curta distância e ficar nas cordas tentando esquivar-se das bombas levou o nascido em Liverpool, Inglaterra, a receber castigo que o levou ao tablado duas vezes no sétimo assalto. Agiu corretamente seu técnico pedindo o fim das escaramuças.
Depois da marca conseguida no sábado, o mundo do Boxe quer ver o confronto de Beterbiev com Dmitry Bivol (22-0). Peleja que enriquecerá a ambos e, possivelmente, levará Artur a pensar na aposentadoria já que fará 39 anos nesse janeiro. Além de Bivol, somente Canelo Álvarez poderá proporcionar super luta com eles. Falamos de bolsas de 30 milhões de dólares. Pelo menos!
Preliminares exibidas pelo Combate.
Iman Khataev (6-0) TKO2 Michal Ludwiczak (17-13-1)
Título NABF meio-pesado
Como puderam um boxeador russo e outro polonês disputar o título da Federação Norte Americana do Boxe? Foi por ordem de Bob Arum da poderosa empresa Top Rank Boxing. Tudo conseguem. Impressionante.
O combate foi uma piada de péssimo gosto. O perdedor nada tinha a oferecer. Khataev é aquele que vem nocauteando quem enfrenta. Enfim, nada de mais. Iman precisa ser programado com atletas de melhor nível. Ou então ficará colecionando nocautes.
Jason Moloney (27-2) W12 Saúl Sánchez (20-3)
Título WBO dos galos
Combate espetacular. Verdadeira guerra protagonizaram esses grandes lutadores. Concordo com o extraordinário comentarista Daniel Bergher Fucs. A luta foi de dificílima marcação por ser equilibrada e intensa com muitos momentos de infight.
No final a faixa continuou com o australiano com decisão majoritária. Acho que justa. O treinador do mexicano ensaiou um esperneio, mas ninguém deu bola para o Sr. Manny Robles. É assim que deve fazer a imprensa especializada.
Os escores foram: 114-114 (foi o que marquei) e dois 116-112. Danny Fucs anotou 115-113 para Moloney.
Christian Mbili (26-0) TKO7 Rohan Murdock (27-3)
Títulos Continental América WBC e Internacional WBA
Vale aqui a pergunta: podem francês e australiano lutar por título continental das Américas? Podem porque assim quis a Top Rank. A luta foi um verdadeiro massacre. Mbili bateu com vontade e más intenções desde o assalto inicial. Assustadora a capacidade de aguentar pancada do Murdock.
O treinador Chris Carden abandonou no intervalo do sexto para o sétimo round. Acertadamente. Seu pupilo não havia vencido nenhum tempo, na minha opinião, e estava condenado a perder. Apesar que um golpe no corpo abalou o francês-camaronês-canadense.
Porquê escrevi TKO7? Porque os juízes marcaram o sexto capítulo. Penso, então, que não pode ser nocaute técnico no sexto… Enfim, pouca diferença faz.