Belém Foi a Capital do Boxe

Por Jorge Luiz Tourinho

O evento Up Boxe Show realizado na Academia Ulysses Pereira na noite do sábado 23 de janeiro levou Belém à condição de capital nacional do boxe. Talvez tenha sido o único programa de boxe profissional em todo o território brasileiro. A transmissão nos chegou via YouTube, canal do treinador e organizador Pereira. Agradeço ao treinador gaúcho João Mitra pela informação que me permitiu assistir e, assim, ter material para essa coluna.

A empreitada não deve ser surpresa pois, desde a aparição do meio pesado José "Dinamite" Gomes, o Pará tem mantido atividade pugilística de qualidade. Junto a São Paulo e Bahia constitui o tripé de sustentação da nossa nobre arte.

Após os combates o próprio Ulysses declarou quais foram as dificuldades que enfrentou para fazer o programa, numa entrevista emotiva e cheia de gratidão aos apoiadores. Entre esses estavam a Secretaria de Esportes do Estado do Pará e o Município de Belém. Eis aí uma dica valiosa para quem queira e precise buscar apoiamentos. O custo total, com seis lutas entre profissionais, foi de 40 mil reais. Há a expectativa de novo Show na primeira semana de abril.

O local escolhido, a academia citada, substituiu um dos ginásios da capital paraense por causa da maldita pandemia. Foi um palco adequado ao momento atual que não permite grande número de espectadores. Muito bem decorada, limpa e com bom ringue ainda teve os equipamentos de som e vídeo para fazer uma transmissão muito boa. Poderá, sem dúvida, sediar outros encontros. Inclusive, espero que isso aconteça. O canal do YouTube agrega valor e pode ser utilizado enquanto os executivos dos canais de esportes não mandem transmitir,

Embora tenha tido um card equilibrado no papel e tenha sido uma iniciativa louvável, o resultado esportivo foi muito fraco. Decepcionante, até. Dos quatro cotejos apresentados, só um teve equivalência até um nocaute brutal o encerrar. Não culpo os organizadores. Os cartéis dos adversários dos atletas do treinador Ulysses os colocaram como bons possíveis oponentes. A qualidade dos vencedores provou o contrário, infelizmente. Vale a ideia de contratar boxeadores indicados a dedo para evitar o acontecido.

Vamos às lutas. Os números são do BoxRec. Cruzadores - anunciado no cartaz como título brasileiro do Conselho Nacional de Boxe (CNB) - Lucas Pontes da Silva (4-0) KO1 Rogério Damasco (15-9-1). Acabou logo depois de começar. Damasco caiu três vezes em menos de um minuto e foi declarado nocauteado pela árbitro Tatiana Barros. Parece que a presidente Geysa do CNB estava presente. Pergunto a quem possa me responder: como um lutador que vinha de cinco derrotas consecutivas como meio pesado pode ser desafiante a um cinturão dos cruzadores? Lucas mostrou qualidades e merece trocar golpes com quem o faça crescer.

Super penas - Jackson Furtado (7-0) KO1 Nathan Ramatis Siqueira (2-2). Lamentável como a anterior. Siqueira sofreu duas quedas e não levantou depois da segunda. Triunfo que absolutamente nada somou para a carreira de Furtado que merece ser observado.

Super penas - Jefferson da Silva (6-1) KO3 Roger Guterres da Silva (2-2). Foi o único combate. Trocaram golpes com vantagem para Jefferson nos dois assaltos que pontuei. Foi exigido por um valente Roger até conseguir um gancho de canhota que provocou um final preocupante. Também tem que ser acompanhado o vencedor. O que acho desnecessário, mas não consigo concordância de nenhum diretor de combate, é a incorreta fixação dos árbitros em levar quem foi nocauteado para o centro do ringue para levantar o braço do outro boxeador. Nos grandes eventos nos EUA, há muito, não se faz isso.

Super leves - Carlos Henrique de Oliveira (2-0) KO2 Milton Pantoja dos Santos Jr. Outro cotejo completamente desequilibrado. Pantoja foi à lona no final do assalto inicial e o cronometrista bateu o gongo... Ainda bem que o mediador Benedito Baleeiro não deixou o crasso erro prosperar e fez a contagem antes de mandar para o intervalo. Contudo, terminou logo depois de mais duas quedas. Poderia ter sido TKO mas deixa pra lá.

Pesados - Ronalddy Medeiros vs Leonardo Correa e super penas - Weverson Santos vs Pablo Paz Santos devem ter lutado. Quem souber os resultados, por favor, avise-me.

Além da necessidade de emparceiramento com equivalência, deixo a seguinte observação que não é crítica. O bom locutor-apresentador mostrou excelente dicção. Porém, torna-se quase obrigatório informar o peso, o cartel e de onde vem os contendores. Não é favor. É informação importante para que não apareça nenhum comentário do tipo que li no chat da transmissão. A quem possa agir, o último ranking que está no site do CNB é de 2019...

Efemérides.

26 de janeiro de 1964

Auditório da TV Rio, Rio de Janeiro, RJ

meio médios - Heitor Fernandes W Miguel Angel Brizuela

meio médios - Rosalvo Tavares D Vitor Timóteo

Auditório da TV Excelsior - São Paulo, SP

penas - Rosemiro dos Santos W Juan Carlos Zalazar

Heitor Fernandes acabou a carreira com possíveis 21-6-11.

Rosalvo Tavares pendurou as luvas após 5-3-3 e pode ter nascido no RJ.

Vitor Timóteo aposentou-se com 6-10-7 e nasceu em SP.

Rosemiro dos Santos pode ter 23-4-2 no final da carreira. Nasceu em SP.