Boxe Pela Vida III – The Hunta x Valentim
Jorge Luiz Tourinho
15 de abril de 2024
Grande noitada teve lugar no Golden Park Hotel em Sorocaba, SP, no dia 7 de abril. O quadrilátero foi montado na Arena Tempermax. Aparentemente, a Lisobox estava presente. Não foram divulgados os dados do evento pelo Conselho Nacional de Boxe, não sei porquê. De forma que agradeço ao promotor seja ele quem for. Também digo muito obrigado ao treinador Walmor de Souza pelas informações e ao pessoal do YouTube Thiago Boxing pelas imagens que fazem parte da história do boxe brasileiro.
Apesar do sucesso, precisamos alinhar alguns fatos para correção de rumo, se os dirigentes assim considerarem positivo.
A luta final teve um desfecho lamentável. Bruno César "The Hunta" de Paula (8-7-1) dominou o cotejo e venceu claramente ao bravo Francisco "Chicão" Valentim (4-5-2). Embora tenha controlado as ações e produzido as melhores escaramuças, Bruno acabou saindo com um empate maroto que entristeceu sua vibrante torcida. Ele é natural de Sorocaba.
Valentim foi agressivo com as pernas. Poucos golpes conectou. Infelizmente, as Federações, Associações e Ligas de Boxe não fazem cursos de formação de oficiais nem jornadas técnicas e temos que nos contentar com os mesmos juízes de sempre julgando lutas e oferecendo escores como estes. Como escrevi acima, vitória clara e merecida de Bruno César. Para mim, 98-92. Os jurados do CNB marcaram: 97-93, Ana Lúcia Miranda, e 95-95, Júlio Salomão e Edmar Reis. Dessa forma, o título brasileiro interino (dos super médios, creio) ficou vago.
Vale aqui outra reflexão: como pode um boxeador com cartel negativo disputar cinturão brasileiro? O site do CNB estava fora do ar. Ou seja, não consegui ver seu ranking nem as posições de Bruno e de Valentim nele. Provavelmente, não tem mais ranking. Dá trabalho fazer e manter listas de desafiantes. É mais barato receber o dinheiro da homologação da disputa e lute quem quiser.
Diversas preliminares entre amadores animaram a noite. Apenas divulgarei as lutas entre profissionais.
Médios ligeiros – Ricardo Cruz Oliveira (1-0) KO1 Emerson "Alemãosntro" Antonio (0-1)
Triunfo rápido. Golpes na zona hepática levaram ao nocaute.
Super penas – Demerson "Pendragon" dos Santos (2-6-1) TKO3 Eduardo Diogo (3-2-1)
Movimentado combate que acabou surpreendentemente. Diogo vinha dominando, mas a resiliência do Pendragon foi premiada.
Cruzadores – Rafael Calcidoni (1-0) TKO4 Isac Bonafe Silva (1-1)
O apresentador de ringue e os locutores e comentaristas do YouTube tem que melhorar a dicção e nos informar com clareza os nomes dos boxeadores e seus respectivos carteis. Talvez os nomes dos atletas não estejam corretos. Perdoem-me se isto ocorrer.
Domínio total de Calcidoni em que pese a oposição que lhe ofereceu o perdedor. A leitura das papeletas não aconteceu por causa de um corte no supercílio. Reginaldo Peixoto, árbitro do CNB, não pode ver sangue. Os médicos não estão no evento para parar hemorragias. Isto é, ou deveria ser, função dos Cutman ou dos treinadores e assistentes. Médico pode ser chamado para avaliar se o corte ou a hemorragia nasal deve paralisar a luta. Quem não pode ver sangue, que vá para outro esporte.
Resumindo: vitória maiúscula do debutante Calcidoni.
Matheus Henrique "Churrasco" Santos (1-0) W4 Fernando Kioshi (0-1)
Cruzadores? Meio-pesados? Dois veteranos, respectivamente, com 37 e 43 anos. Deram bom espetáculo para estreantes. Matheus venceu claramente. O estranho foi uma contagem protetora aplicada pelo mediador Edmar Reis. Isso não existe no Boxe profissional. Ou será que o CNB adotou isso?
Os três juízes anotaram 38-37. Ana Lúcia Miranda, Júlio Salomão e Reginaldo Peixoto. Para mim foi 39-37 para Santos.
Super leves – João Gabriel "Monkey" Rocha (9-0) W6 Wenes Bandeira Souza (13-3)
Claríssimo triunfo do invicto residente na Rocinha, RJ. Para mim, domínio total sobre um oponente que não se abriu nem tentou reverter o quadro. Acho que vale para ambos o seguinte comentário: vocês têm que apresentar mais atividade, atirar mais golpes. Inclusive, quem não tem pegada tem que jogar mais socos para produzir as vantagens parciais.
Outra observação para a promessa carioca: trate de se movimentar para os lados criando ângulos para os contragolpes. Além disso, é claro, trabalhar na zona da cintura.
Para mim o cotejo foi 60-54 para Rocha. Ana Lúcia Miranda viu empate em 57-57. Edmar Reis marcou 58-56 e Reginaldo Peixoto 59-55.
Link para a gravação: https://www.youtube.com/live/vGmLLW1J41g?si=Xkg9In9D1co_5PHK