Chino Maidana se afirma como o maior promotor da América do Sul

Jorge Luiz Tourinho

15 de abril de 2022

A dúvida inicial seria se a inclusão das noitadas da Chino Maidana Promotions (CMP) na programação do ESPN Knockout foi causa ou consequência. Claro que pesou o fato dos executivos da ESPN Latino serem argentinos. Contudo, não dá para negar que a qualidade de grande número de boxeadores apresentados é muito alta. Inclusive, um dos pupilos de Maidana sagrou-se campeão mundial dos super moscas da Federação Internacional de Boxe (FIB). Fernando Martínez (14-0) surpreendeu destronando Jerwin Ancanjas (33-2-2) em Las Vegas no dia 26 de fevereiro.

Marcos Maidana se associou a outros empreendedores e, com sua fama e prestígio, conseguiram os apoios na Argentina para os primeiros eventos. Com promessas e algumas estrelas locais fizeram programações com lutas equivalentes e ganharam a atenção do público e da imprensa platina. As premiações de 50 mil pesos para uma das preliminares tem atraído diversos lutadores que não têm contrato com a CMP.

Com o excelente resultado pugilístico ficou mais fácil convencer a Rede ESPN a levar as imagens para o mundo latino. A possibilidade de aparecer nas telinhas dos canais Disney leva os apoderados de muitos atletas a apresentar seus pupilos para que entrem nos cards.

O caminho pode parecer fácil, mas é preciso constância e muito estudo e trabalho para estar sempre apresentando confrontos parelhos. Massacres anunciados não interessam. O extraordinário comentarista ESPN Brasil, Eduardo Ohata, já enunciou que o matchmaker da Chino Maidana não dá moleza para seus prospectos. É por aí mesmo! Nada de cotejo cujo vencedor é conhecido antes de começarem as escaramuças.

Devo agora fazer jus ao pedido feito no ar no domingo 10 de abril pelo locutor Matheus Pereira e concordar com ele. Basicamente, o santista disse algo como: "Marcos Maidana, olhe para o Boxe brasileiro!". Fazia referência aos boxeadores chilenos e uruguaios que frequentemente são contratados. Para um combate ou para fazer parte da equipe Maidana. Porque não levar brasileiros? Talvez a valorização do real frente ao peso atrapalhe.

Noitada de 10 de abril em Escobar, Província de Buenos Aires.

Acabou sendo um evento apenas mediano. Embora os cartéis apresentassem equivalência, os resultados decepcionaram um pouco. Na chamada peleja estelar, Eduardo Abreu (13-1-1) aniquilou no assalto inicial um chileno que pareceu estar sonado. Ramón Mascareña Jr. (13-2) caiu no primeiro golpe recebido e não mais se aprumou. Dois knockdowns e pouca defesa fizeram o árbitro Antonio Zaragoza determinar o TKO1.

Entre meio-médios, Lorenzo Gerez (4-0) triunfou por pontos com autoridade sobre Guido Joel Romero (1-3). Mesmo derrotado, o perdedor exigiu muito do favorito. Os três juízes, Eduardo Ohata e eu marcamos 39-37.

Nos super galos uma tremenda surpresa. Prova do que escrevi acima. Não há moleza para os favoritos. Erick Sambran (6-1) vinha invicto mas foi detonado por Agustín Burgos (3-1) no primeiro round. Na trocação franca, o Terremoto levou a melhor e surpreendeu a galera. Duas quedas, a última levou ao TKO1.

No duelos das damas, peso de super penas, uma batalha que parecia desigual pelos cartéis acabou com decisão unânime, mas ambas tentaram com aquilo que dispunham. Karen Carabajal (19-0) usou da experiência e mobilidade para triunfar sobre Lorena Agoutborde (2-1-2). Eu não emparceiraria essas duas. A falta de pegada de ambas fez a luta chegar às papeletas. 60-55, 60-54 (foi o que anotei) e 59-57. Ohata pontuou 58-56.

A semifinal, entre galos, pecou pela falta de lucidez. Os dois boxeadores abusaram dos clinches mostrando que lhes faltam recursos para serem semifinalistas. Duas faltas foram marcadas, uma para cada um. A vontade que deu foi ver uma desclassificação dupla. Sebastián Castillo (7-0) venceu em oito tempos a Sergio Daniel Rosalez (3-1). Castillo caiu no segundo episódio e, pelo menos, exibiu bravura para aguentar o repuxo e chegar ao intervalo. Abiscoitou os 50 mil pesos com os escores de 75-74, 74-75 e 76-73. Ohata marcou 75-73 para Rosalez e eu 75-74 para Castillo. 

Imagem: Ag. Fight