David Benavidez se afirma como possível oponente de Canelo
Jorge Luiz Tourinho
22 de maio de 2022
A noitada na noite do dia 21 de maio em Glendale, Arizona, foi espetacular. Outra programação do Premier Boxing Champions (PBC) transmitida pela Showtime dos EUA e levada às nossas TVs pelos canais Disney. Cabe uma indagação para quem possa respondê-la: a qualidade dos sinais dos eventos brasileiros (Guarulhos e Sorocaba) não permitiram que eles fossem levados ao ar por alguma emissora?
A luta final do programa do PBC em parceria com a Sampson Boxing e outra empresa valeu o título interino dos super médios do Conselho Mundial de Boxe (CMB). David Benavidez (26-0), primeiro da lista do CMB, teve pouco trabalho para dobrar o segundo classificado no mesmo ranking, David Lemieux (43-5).
O canadense, muito mais baixo e com menor envergadura, teve que encurtar a distância para atirar suas bombas. Começou bem, mas no terço final do assalto inicial passou a ser controlado pelo excelente norte-americano de origem mexicana. No final do round um torpedo de direita abalou Lemieux. Bombardeado, foi salvo pelo gongo porque não houve queda. Discordo do locutor Hugo Botelho e do extraordinário comentarista Eduardo Ohata. Era uma disputa de título mundial, ou quase isso. O árbitro não deveria acabar a festa ali.
No segundo tempo, Lemieux resolveu se arriscar mais na tentativa de acertar uma bomba salvadora. Benavidez mostrou que pega e aguenta como poucos e bons. Outra combinação por pouco jogou seu adversário fora do ringue. Valente, ele voltou para ser selvagemente castigado até o soar do gongo. A previsão de nocaute era a única a se fazer.
O terceiro período exibiu Lemieux como um kamicase. Seus ataques foram neutralizados e foi imposto mais castigo por um confiante Benavidez. Eis então que o mediador Harvey Dock resolver terminar a luta e decretar o nocaute técnico. Achei precipitado pois o perdedor estava boxeando e reagindo às cargas do campeão. Enfim, Dock apenas abreviou a duração da contenda.
O domínio amplo sobre um oponente de qualidade e as virtudes exibidas por Benavidez o colocam como adversário potencialmente capaz de grande luta contra Saúl Canelo Álvarez ou qualquer outro super médio com o qual ele dispute o título regular do CMB. Não sei até que ponto a entidade sediada na Cidade do México aceitará a aventura entre os meio-pesados do extraordinário Canelo. Está sendo acertada uma revanche com Dmitry Bivol pelo seu cinturão. Se isso acontecer, proponho que o CMB ordene um combate entre David Benavidez e Demetrius Andrade (31-0).
Preliminares exibidas pela ESPN.
Penas - Luis Nuñez (17-0) W10 Jonathan Fierro (13-1).
Combate espetacular de difícil marcação! Dois jovens prospectos fizeram um confronto explosivo cujo final poderia acontecer a qualquer momento. Nuñez, de 22 anos, preferiu adotar uma postura de espera pelos golpes de Fierro para sair e contragolpear. O problema foi ter sido atingido diversas vezes. Fierro tem apenas 18 anos! Sua quantidade de pimenta nos punhos será ressaltada se preparar melhor suas cargas. Muitas de suas bombas foram perdidas e seu posicionamento o levou a receber diversos murros.
Não houve quedas. Ambos buscaram até a campainha final a vitória. A decisão unânime teve as três papeletas com 96-94. Ohata marcou 97-93 e eu 95-95. O vencedor é o atleta da Sampson. O perdedor merece outras chances.
Médios-ligeiros - Yoelvis Gómez (6-0) W10 Jorge Cota (30-6).
Uma grata surpresa esse cubano! Triunfou com autoridade sobre um mexicano brigador e corajoso que fez o que pode para reverter o quadro. Tem excelente linha pugilística o Gómez apesar de ser meio fanfarrão e até debochar quando esquivava ou quando conectava bom soco. Foi a primeira vez que percorreu toda a distância prevista. O Demônio foi o mais qualificado rival que teve pela frente, mas foi ultrapassado com certa facilidade.
Yoelvis está ranqueado na Associação Mundial de Boxe (AMB). Contudo, é cedo para luta por título mundial, na minha opinião. A decisão foi unânime como deveria ser. Os três juízes apontaram 100-90. Eu anotei 99-91 e Ohata 96-94.
O detalhe curioso foi o gancho recebido pelo árbitro Wes Melton no final do terceiro episódio. O gongo soou, mas Cota jogou a direita muito bem assimilada pelo mediador.
Foto: Sporting News