David Morrel Jr. manteve título diante de desafiante sem qualificação

Jorge Luiz Tourinho

21 de dezembro de 2021

Aquele que aceita disputar um título, qualquer que seja, deve mostrar, no mínimo, vontade de sair do ringue com o cinturão. Acho inaceitável para uma organização que tem história e prestígio internacional que um desafiante não mostre nada além de não querer ser derrubado.

Infelizmente, foi o que ocorreu na noite de 18 de dezembro em Mineápolis, EUA. O excelente novato cubano radicado nessa cidade americana defendeu seu cinto regular dos super médios da Associação Mundial de Boxe (AMB). Não teve nenhuma dificuldade em fazê-lo devido a disparidade técnica, física e anímica entre ele e o oponente que se apresentou.

David Morrell Jr. (6-0), de excelente passado no amadorismo, é um boxeador de verdade. Atuou com verdadeiro campeão embora o super campeão da AMB seja o excepcional Canelo Álvarez. Enquanto não se unificam as faixas regulares com as de super campeões da AMB, Morrell vai brilhando. Claro que diante de adversários escolhidos a dedo pela equipe da Sampson Boxing que gerencia a carreira dele.

Dividiu o quadrilátero com Alantez Fox (28-3-1), um vencedor de perdedores que jamais deveria ser classificado no ranking mundial de qualquer organismo. Não se empenhou nem para esconder que estava ali apenas para receber a bolsa. É aquilo que preconizo: quem concede título deve ter Comitê de Classificação independente dos interesses de promotores. Para evitar o que se viu. Uma triste e lamentável disputa de cinturão AMB.

Primeiro assalto - Morrell cercou e pegou mostrando qualidades.

Segundo - ficou claro que Fox queria apenas fugir e chegar aos pontos, se possível. Quem assistiu deve ter se perguntado como é que ele era o número 10 da AMB.

Terceiro - jabeando e fugindo com inúmeros clinches, Fox sinalizou que perder não seria problema. O negócio era receber o dindim...

Quarto - Morrell conseguiu conectar boa sequência que levou ao knockdown. Na volta à luta, alguns poucos golpes fizeram o pai e treinador de Fox desistir. TKO4. A torcida vibrou. Eu vaiaria.

Preliminares exibidas na FOX - evento do PBC.

Super leves - Alberto Puello (20-0) W10 VeShaum Owens (13-3).

Combate feio. O vencedor não teve a lucidez para se mover e tourear o agressivo porém confuso Owens. Bastaria dar um passo para qualquer lado quando Owens caminhava para ele, que Puello desmontaria sua forma de aproximação. Consistiu em abaixar o tórax e largar a mão.

Como não conseguiu, ou ainda não sabe, caminhar para trás, Puello perdeu poucos rounds. Não foi uma apresentação das mais brilhantes e colocou dúvidas sobre suas possibilidades.

A decisão unânime veio com: 100-90, 98-92 e 99-91 (foi o que marquei). O comentarista Servílio de Oliveira anotou 97-93.

Leves - José "El Rayo" Valenzuela (11-0) TKO4 Austin Dulay (14-3).

Um craque, mais um vindo do México, contra um vencedor de perdedores. Que mais poderia acontecer? Foi uma coça descomunal encerrada com polêmica e dúvida porque o locutor dos canais Disney não nos deixou ouvir nem nos trouxe o áudio da emissora que gerou as imagens.

O que houve foi um golpe que pegou na parte de trás da cabeça de Dulay logo no tempo inicial. Gerou a primeira das três quedas nesse capítulo. O perdedor reclamou disso e continuou com esse protesto até o fim. No segundo foi à lona outra vez. No terceiro foi bem surrado.

Na volta para o quarto episódio falou algo para o árbitro Charlie Fitch que o levou para falar com alguém que lhe sugeriu encerrar o cotejo. Era o médico. A partir disso, Dulay começou um discurso interminável do qual só consegui ouvir algo como "precisava um tempo para me recuperar" ou coisa parecida, se não me enganei.

Conclui que ele quis algo que não está previsto no regulamento e não deixou alternativa ao médico que indicar que se parasse com as escaramuças. Minha opinião: o diretor de combate deveria entrar no circuito e determinar que Valenzuela o esbordoasse mais. Assim não haveria dúvida nenhuma sobre o resultado.

Como podem aparecer craques e mais craques do país azteca? Simples. São milhares de lutadores profissionais que vão se enfrentando e forjando grandes talentos. Fatalmente, esse jovem Valenzuela chegará a disputar título mundial.