Décima oitava edição do Coliseu Boxing Club

Por Jorge Luiz Tourinho

6 de setembro de 2021

O evento foi realizado no bairro de Pimentas da cidade de Guarulhos, SP, no dia 4 de setembro. Seis combates entre profissionais foram antecedidos por algumas exibições de jovens boxeadores do Coliseu. A transmissão chegou pelo Canal YouTube da tradicional Academia paulista. Diante de tantas dificuldades para se fazer boxe profissional, devemos agradecer aos responsáveis pelo programa exibido.

Somente uma das lutas teve equivalência. Três delas dificilmente teriam apostadores em vitórias dos perdedores. Boxeadores como Jonhatan, Maldonado e Galdino são expoentes na pouco numerosa cena brasileira. Precisam ser programados com adversários de nível bem acima dos que lhes foram apresentados. Que aportaram esses triunfos para suas carreiras além de adicionar um na coluna mais à esquerda dos seus cartéis?

A transmissão via YouTube pode melhorar. Embora sejam voluntários da casa, o locutor e o comentarista devem se conscientizar que as imagens vão para o mundo. Os cartéis, as pesagens oficiais e as cidades das quais vêm os lutadores têm que ser anunciados. Já que o locutor Adílson do evento não o fez, seriam eles que deveriam garimpar a informação e passá-las.

Abaixo, seguem meus comentários sobre as seis lutas.

Título brasileiro dos leves

Jonhatan Soares Cardoso (13-0) TKO4 Juscelino Bonifácio Pantoja (1-2).

Aconteceu o que já esperava. Bastaria uma rápida análise nos cartéis para profetizar que Cardoso manteria o cinturão. Quem achava que Pantoja poderia sair do ringue como o novo campeão nacional? Contudo, a vitória não veio com a paliça que não surpreenderia a muitos.

Inexplicavelmente, Jonhatan ficou apático nos dois assaltos iniciais. Recebeu poucos golpes que foram suficientes para dar 10-9 para o desafiante. Esse, é um praticante de MMA que recebeu a chance de tentar o cinto do Conselho Nacional de Boxe (CNB). Foi dito por alguns aficionados do Estado de São Paulo que ele já teria sido campeão brasileiro amador e que isso o credenciaria para a disputa.

Quero estar redondamente enganado. Pareceu-me que Soares Cardoso "cozinhou o galo" por dois rounds para que o cotejo fosse mais longe. Voltou para o terceiro capítulo mostrando sua belíssima linha pugilística. Foi cercando, não foi correndo atrás, foi cercando, tomando o centro do quadrado e metendo a mão com vontade. Como deve fazer qualquer campeão brasileiro. Com o domínio total Pantoja ajoelhou-se no fim desse tempo, provavelmente, por consequência de gancho no baço.

Levantou-se em oito segundos e acabaram os três minutos. Após o gongo para o quarto tempo veio o abandono.

Cardoso é um nome para ser trabalhado porque tem muitas qualidades. Não pode é ficar desinteressado e praticamente entregar assaltos para oponentes. Pantoja, se continuar no Boxe, deve ser programado para fazer quatro assaltos com outros iniciantes.

Pesados - Fábio "Caipira" Maldonado (27-5) KO3 Diogo da Conceição Oliveira (2-6).

Outro confronto que ninguém arriscaria cravar o perdedor como possível vencedor. Maldonado derrubou no segundo e finalizou no terceiro sempre com socos na cabeça. Enquanto teve energia Oliveira tentou dificultar para o favorito. Seu combustível escasseou no terceiro assalto e não levantou depois da segunda queda nesse round.

Maldonado pode ser bom oponente para o campeão brasileiro Igor Adiel. Isso se não sucumbirem à péssima ideia de contratar Cigano dos Santos para a disputa da faixa. Oliveira deve ser colocado diante de pesados que ainda façam quatro assaltos.

Médios - Douglas Gabriel "Dodô" de Moraes (1-0) TKO1 Vítor Hugo Ribeiro (0-1).

Cotejo que acabou antes do minuto inicial. Douglas avançou e, depois de dois cruzados de esquerda, provocou a queda. Ribeiro respondeu nos oito segundos e, ao não mostrar nenhuma capacidade de defesa, obrigou o árbitro Marcos dos Reis a encerrar a luta.

Talvez valesse a pena deixar o Dodô bater um pouco mais e derrubar. Precisamos vê-lo diante de boxeador que tenha melhores condições. Pergunto a quem possa responder: Ribeiro teve campanha como amador?

Super galos - Ana Karla de Moraes (1-0) W4 Catherine Ramos (0-1).

A vencedora fez a luta ficar desigual pela maior condição física e técnica. Derrubou no segundo e duas vezes no terceiro. A última queda foi resultado de um encontrão mas o mediador Peixoto não entendeu assim.

Se tivesse mais calma, Ana poderia ter nocauteado. Na ânsia de vencer pela via rápida, precipitou-se e acabou se engalfinhando com a valente Catherine. Tem que ser treinada para jogar golpes e recuar um passo para criar os ângulos para continuar o ataque. Acabou com menos atividade e deu o último capítulo para ela.

Ambas merecem novas oportunidades mas Ramos precisa melhor preparo físico.

As papeletas: 39-34 (2) e 40-33. Marquei 39-35.

Meio pesados - Francisco Neves Valentim (1-1-1) W6 Ricardo "Conan" Lara de Miranda (4-1).

Foi o único combate com equivalência da noite. Os dois contendores buscaram com o que dispunham e presentearam os espectadores com bom espetáculo.

Valentim buscou sempre a iniciativa. Com sua guarda cruzada e pouca movimentação do tórax foi boxeado por Miranda que atirou e conectou os melhores golpes nos três assaltos iniciais. Parece ter cansado e sua movimentação decaiu nos três últimos.

O vencedor teve o mérito de jamais ter parado. Buscou e reverteu, na opinião dos juízes. Ambos merecem ser programados em outros eventos.

Embora reconheça que dois tempos foram de difícil marcação, não acompanhei os jurados. Eles anotaram 58-56 (2) e 58-58. Marquei de casa 58-56 para Conan de Miranda.

Super leves - Paulo César Galdino (11-4) KO1 William "Pitchula" Ramos da Silva (0-1).

Galdino é outro nome de destaque no atual cenário brasileiro. Nos primeiros movimentos deu para ver que a disputa não chegaria ao tempo previsto. A melhor linha pugilística do vencedor era evidente. Fez o que deve executar um boxeador profissional: evitar as cargas do adversário e bater com força. O caminho encontrado por Galdino para o KO foi a zona hepática. Diversas bombas levaram William à lona. Egresso do MMA também não mostrou técnicas de defesa e movimentação para enfrentar um oponente desse nível.

Galdino é outro que merece melhores adversários. Pitchula, se continuar no Boxe, deve ser programado com iniciantes.