Dominado, Patrick Perdeu o Cinturão

14/02/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

A onda verde e amarela de otimismo e esperança quanto à possibilidade de Patrick Teixeira voltar de Indio, Califórnia, com seu título médio ligeiro da OMB começou com uma entrevista. Nessa, o brasileiro afirmou que seu desejo era se consagrar campeão indiscutível da sua divisão. Significa dizer que estaria querendo lutas para unificação dos títulos das quatro principais organizações do boxe mundial.

A confiança que mostrou nos vinte dias que antecederam a disputa com Brian Castaño pode ter impulsionado o jornalista Wilson Baldini Jr a escrever que a vitória de Patrick impulsionaria o boxe brasileiro para outro patamar. Talvez o colunista do Estadão tenha ouvido de executivos das emissoras de TV sediadas em São Paulo promessas do necessário apoio à nossa nobre arte. Cá entre nós, duvidei muito desse desdobramento porque Popó foi campeão por muito tempo sem que isso tenha ocasionado pouca coisa além da veiculação de programas vindos do exterior. Exceção feita ao Boxing For You.

Por outro lado, a imprensa especializada argentina também estava confiante e previa que seu compatriota se sagraria campeão. Algumas matérias falaram da preparação de Teixeira. Outras mostraram personalidades dando apoio moral e torcendo pelo catarinense. Era fácil concluir que ambos teriam caminhos para o triunfo.

Não sei quem é o treinador de Patrick. Contudo, o ex-boxeador (de excelente nível) Edson "Xuxa" do Nascimento estava no seu canto. O que se viu foi o domínio total de Castaño. Controlou a luta e tomou o centro do ringue caminhando para a frente quase todo o tempo. Se a estratégia do campeão era se movimentar em torno do desafiante e fazer uso de sua maior envergadura, não funcionou. Se era fazer o desafiante andar para bombardeá-lo, também não. Os assaltos foram sendo vencidos pelo platino sem que nada diferente fosse tentado. Ao se iniciar o oitavo tempo, a sorte estava lançada: somente com quedas a peleja seria virada. Pensei ter ouvido num dos intervalos o técnico falando espanhol pedindo para que contestasse (devolvesse) os golpes recebidos. Assim foi feito mas insuficiente para ganhar os capítulos. No descanso final, o treinador disse que ele teria que "vencer bem" o round final. Devo ter ouvido mal ou compreendido pior ainda. Era hora de mandar para o tudo ou nada porque só o nocaute o faria manter o cinturão. Não entendo como não há ninguém na esquina que saiba pontuar.

As papeletas falaram: 120-108, 117-111 e 119-109 (o que marquei). Sem contestação. Vitória clara e merecida de Castaño que tem o cartel 17-0-1. Teixeira tem muitas qualidades mas é possível que precise de melhor preparação para combates desse nível. Tem que desenvolver a capacidade de bater andando para trás ou para os lados. Ficou com 31-2.

Na luta final do Fantasy Springs Casino, Joseph Diaz Jr manteve o título super pena da FIB com o empate com Shavkatdzhon Rakhimov. Excelente disputa que deve ser obrigatória nos cursos de formação de juízes. O russo começou de um jeito, foi dominado e mudou para vencer em minha opinião. Provavelmente, haverá uma revanche imediata. Justo. As papeletas: 114-114 (2) e 115-113 para Diaz. Marquei 115-113 para Rakhimov que foi para 15-0-1. Diaz ficou com 31-1-1.

As outras preliminares.

Meio pesados - Bektemir Melikuziev (7-0) TKO3 Morgan Fitch (19-5-1). O cazaque foi esquentando e esbordoando até que duas quedas provocaram o fim. Tem a guarda defeituosa mas é forte demais.

Super médios - Shane Mosley Jr (17-3) TKO6 Cristian Olivas (28-8). Mosley venceu todos os assaltos contra um brigador que nunca havia sido nocauteado. O fechamento do olho direito do valente mexicano encerrou a luta no final do quinto tempo.

Super galos - Ronny Rios (33-3) W10 Oscar Negrete (19-3-2). Luta estranha. Do tipo: bate que depois eu bato. Nessa categoria os lutadores podem apresentar muito mais mobilidade.

Zebra em Londres.

Em transmissão mais cedo, a DAZN trouxe a surpreendende derrota de Josh Warrington (30-1) para Mauricio Lara (22-2). Como não estava diante de um pegador, o córner de Lara o mandou, ou ele foi por conta própria, para a troca franca. Do toma-lá-dá-cá veio o knockdown no terceiro e o nocaute no nono. A arrogância fez o britânico aceitar um processo de luta inadequado.