Equivalência é a Chave Para Bons Eventos

27/06/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

26 de junho de 2021

Sexta-feira de boxe nos canais ESPN. De tarde, um programa transmitido de Bolton, Inglaterra, de nova empresa para apoiar os talentos britânicos. De noite, outra programação do México, desta vez de Tijuana.

Embora recheada daqueles títulos que pouquíssimo ou nada valem, a jornada vespertina foi medíocre. O possível equilíbrio nos cartéis mostrou de fato, exceto na final, que se buscou sacos de pancadas vivos.

A noturna, definida pelo excelente comentarista Eduardo Ohata como Boxe Raiz, mostrou-se muito melhor mesmo sem cinturões em disputa. Sorte? Pode ser. Contudo, houve equivalência que produziu bons combates. Eis aí a chave, já conhecida mas desconsiderada às vezes por ganância.

Bolton, UK

Excelente vitória do mexicano Ricardo Sandoval (19-1) sobre o galês Jay Harris (18-2). Foi a única luta de bom nível. Valeu como eliminatória - mais uma - para sacar o desafiante ao cinto mosca da Federação Mundial de Boxe (FIB). O campeão Sunny Edwards foi o comentarista local. Grande combate com muita movimentação e técnica. Dois guerreiros cujo enfrentamento deveria acontecer em outro momento. Pressa para buscar faixa pode dar errado. Para meu ídolo Servílio de Oliveira e para mim, Sandoval vinha à frente nas papeletas. Uma bomba no fígado provocou a primeira queda e outra a segunda e definitiva. Nocaute no oitavo assalto.

Preliminares exibidas:

Leves - Gary Cully (13-0) TKO4 Viorel Simion (22-6).

A despeito de um cartel aceitável, o perdedor não reúne mais condições de lutar. Com 39 anos já deveria procurar um curso de formação de treinadores se deseja seguir na nobre arte. Cully sobrou e merece ser acompanhado. Promete. Alto, soube usar sua maior envergadura e mostrou bastante mobilidade. Simion sentiu o nariz e desistiu.

Meio pesados - Hosea Burton (26-2) KO6 Liam Conroy (18-7-1).

Burton venceu todos os rounds. Pelo exibido, será apenas um vencedor de perdedores. O KO aconteceu com um gancho no frontal. Pergunto: como poderia ser uma eliminatória para o título britânico?

Super leves - Pierce O'Leary (7-0) KO2 Jan Marsalek (8-4).

Nocaute brutal e preocupante. Quase 10 minutos foram gastos para reanimar o perdedor que vinha fazendo combate igual. Acabou sendo transportado de maca para um hospital. Tomara esteja vivo! O fim do encontro se deu quando O'Leary cruzou a esquerda no momento em que Marsalek entrou para golpear. O vencedor tem apenas 21 anos e deve ser observado.

Galos - Paul Butler (33-2) W10 Willibaldo García (12-5-1)

Cotejo confuso porque Butler não conseguiu boxear um brigador. Inclusive, como pode ser aceito pela Organização Mundial de Boxe (OMB) para a disputa de um título Internacional? Servílio e eu vimos o triunfo claro de vencedor. Porém, a decisão foi dividida: Michael Alexander 96-94, Howard Foster 94-95 e Phil Edwards 97-92 (foi o que anotei). Mestre Servílio marcou 98-91. Houve um knockdown do perdedor no primeiro capítulo.

Tijuana, México

Galos - Cristian "Chispa" Medina (16-4) KO4 Noé Robles (26-2).

Muito boa luta! Dois jovens que deram tudo para vencer. A maior pegada fez Medina dominar. Um gancho no fígado ou na última costela acabou com as escaramuças. Poderão nunca chegar a reinar como campeões mas devem dar espetáculo sempre que contratados.

Moscas - Hector Gabriel Flores (18-0-4) W8 Roberto Palomares (6-5-1).

Pelos cartéis anunciados, esperava mais do vencedor. O triunfo foi trabalhoso e com alternativas para ambos. A trocação franca acabou beneficiando Flores porque Palomares não conseguiu usar sua maior envergadura e boxeá-lo. Emfim, luta igual que empolgou a assistência. A decisão: 77-75 (duas vezes) e 76-76. Eduardo Ohata 78-74, eu anotei 77-75.

Leves - Jorge Mata (11-0-2) D8 Ronan Nahuel Sanchez (5-1-1).

Combate parelho que ficou muito interessante pelas vitórias parciais de um de outro a cada tempo. Mata é jovem mas confiante na sua capacidade de abreviar pelejas. Nunca se afobou mesmo quando pressionado. Será muito programado porque é agressivo e destemido. Sanchez é argentino e andou no infame circuito profissional da AIBA. Um pouco lento para essa categoria mas acabou com um empate generoso. As papeletas: 77-75 Mata (o que pontuou Ohata), 76-76 e 77-75 Sanchez. Marquei 78-74 para Jorge Mata.

Foto: Tapology