Equivalência Tem Importância?

06/09/2020

Por Jorge Luiz Tourinho

Lucas Martins (13-0, 12 KO) venceu por KOT 1 a Alexandre Batista (7-6, 1 KO) no sábado 5 de setembro. Evento promovido pela Associação Brasileira de Pugilismo em uma academia porque o local previamente acertado recuou de sediá-lo talvez por causa da pandemia. Duas lutas entre amadores foram canceladas pois os testes para Covid-19, obrigatórios, deram positivo para dois boxeadores e um oficial.

O combate foi definido rapidamente. Martins impôs sua excelente linha pugilística e triunfou com facilidade. Uma bomba de esquerda na metade do assalto inicial fez Batista bambear. Com calma, o vencedor foi golpeando e saindo até que, no fim do capítulo, uma saraivada de golpes levou o perdedor à lona pouco depois de soada a campainha. Correta decisão do bom árbitro Elber do Nascimento ao paralisar a contenda. As papeletas não foram recolhidas, logo TKO1.

Quem assistiu via FaceBook pode estar se perguntando se essa luta deveria ter acontecido. Na semana passada houve o embate de Esquiva Falcão com Morrama Araújo. Bastaria uma rápida olhada nos cartéis para saber-se que seria o que foi: um massacre. Os récordes de Lucas e Alexandre, 12-0 e 7-5 antes do cotejo, não serviriam para invalidá-lo. Claro que colocaram o invicto como franco favorito. Em países como o nosso em que existem muito poucos profissionais e raros eventos, alguns pugilistas se veem quase que obrigados a aceitar contratos para enfrentamentos nos quais as chances de vitória são pequenas ou quase nulas.

Martins venceu, e daí? Foi somado 1 na coluna da esquerda e mais nada. Batista tem mais uma derrota que não fará sua situação no cenário brasileiro piorar muito. O que é desejável, na minha opinião, é uma reflexão por parte dos dirigentes sobre o valor da equivalência. Pelo menos teoricamente. O boxe e outras modalidades de lutas tem riscos de lesões. Fazer combates nos quais o favoritismo não seja exagerado é uma medida mais do que acertada.

Também os promotores, empresários e treinadores devem estar atentos ao problema. Não basta o pugilista querer lutar. É preciso que todos tenham a certeza que pode. Aguardemos os próximos programas.


Efemérides 6 de setembro.

1957 - Eder Jofre W10 Ernesto Miranda - São Paulo, SP

O maior peso galo do universo. Dispensa palavras. Campeão do mundo nos Galos e nos Penas. Ficou com

72-2-4. Será publicada nova biografia dele.


1961 - Waldemiro Pinto TKO6 Roque Alfonso - Rio de Janeiro, RJ

Outro extraordinário boxeador de fase áurea do nosso pugilismo esquecido pela mídia. O Galo de Ébano finalizou a carreira com 59-7-4 quando já residia no Equador. Foi campeão sul-americano numa época que esse título valia muito.


1964 - Juarez de Lima W8 Miguel Angel Brizuela - São Paulo, SP

Grande lutador brasileiro cujo cartel final não faz jus à sua qualidade. Foi um dos poucos vencedores do também enorme Miguel de Oliveira. Acabou com 47-26-5. Já falecido.


1973 - Everaldo Costa Azevedo L12 Joergen Hansen

Outro grande boxeador brasileiro que acabou fora do país. Encerrou sua carreira de altos e baixos por ter enfrentado os grandes super leves e meio médios com 79-22-26. Disputou título mundial com Bruno Arcari.


1991 - Adílson Rodrigues KO5 Edmílson "Rambo" Tonácio - Araguari, MG

Valeu o título brasileiro de Maguila que hoje não existe mais. A CBBoxe, por decisão de seu presidente Mauro da Silva, abandonou a área rentada. Lamentável. Tonácio deve ter mais lutas que os 4-2 registrados. Houve uma certa expectativa logo desfeita pela maior categoria do campeão que acabou a carreira com 77-7-1. Naquela época não se sabia qual era o histórico dos desafiantes.