Érica “Dinamita” Cruz Voltou Campeã Para o México

24/04/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

Uma das duas boxeadoras sairia com o cinturão da luta final do evento da Ring City USA levado a cabo na noite de 22 de abril. O espectador mais exigente poderá dizer que nenhuma delas mostrou pouco mais do que valentia, coragem e determinação. O espetáculo, se considerarmos que foi disputa de título mundial da Associação Mundial de Boxe (AMB), foi pobre.

O local histórico, a Academia Militar dos EUA em West Point, fez esquecer o cancelamento daquela que seria a luta final da noitada por teste positivo de Covid19. Passou a luta entre Jelena Mrdjenovich, a campeã, e Érica Cruz Hernandez para a posição de atração principal. Foi a sexta defesa da canadense. Por isso a favorita.

Contudo, o favoritismo se esfumou quando a desafiante resolveu bater e bater e bater. Com sequências ou golpes únicos. Uma verdadeira brigadora. A guarda vazada, a má intenção em cada pancada atirada, o típico e famoso modo mexicano de boxear. A campeã não soube jogar na longa distância usando e abusando dos jabs e golpes retos e girando em torno da determinada opositora.

Os assaltos iniciais ainda tiveram golpes de lado a lado. A partir do quinto o domínio de Érica ficou claro e o ferimento abaixo do supercílio direito aliado a castigo me fizeram pensar que a luta não chegaria ao décimo tempo. Não chegou mesmo. O árbitro Benji Esteves Jr resolveu parar o cotejo no sétimo round alegando ser a lesão em Jelena fruto de complicação vinda de cabeçada involuntária. Sinceramente, não vi isso. O choque de cabeças que foi reprisado pela TV americana aconteceu no primeiro capítulo e não feriu a canadense. Machucou o rosto do lado direito da então desafiante. Nem a equipe ESPN Brasil viu o tal choque.

Restou-nos a marcação do sétimo assalto e somar os pontos. Os três juízes e o comentarista Eduardo Ohata marcaram 70-63 para Cruz. Desta vez fui eu que vi outra luta: 67-66 para Cruz que foi para 13-1. Mrdjenovich ficou com 41-11-2. Amanda Serrano acompanhou tudo pela TV e deve estar confiante na unificação AMB-CMB com a nova campeã.

Preliminares exibidas:

Meio médios - Juan Pablo Romero (14-0) W10 Deiner Berrio (22-3-1).

Combate meio estranho. O perdedor economizou socos como se estivesse inseguro de sua condição física. Quando golpeou provocou alguma dificuldade apesar de sua guarda não ortodoxa e da pouca movimentação. O vencedor mostrou qualidades e aparente surpresa pela forma como Berrio boxeou. É cedo para voos mais altos. Quando atingido procurou o clinche. Precisa girar e sair para os lados. Todos os juízes marcaram 98-92. Ohata e eu também.

Meio médios - Angel "Relámpago" Ruiz (17-1) W8 Bobirzhan Mominov (12-1).

Peleja muito boa pela equivalência e empenho de ambos. É o tipo de cotejo para ser levado para os cursos de formação de juízes. Dificílima marcação. Ruiz acabou vencendo por ter sido marcada uma falta contra Mominov e ter conseguido dois knockdows. O perdedor mostrou mais técnica até cair. Não pude ouvir o que marcaram exatamente os jurados. Ohata marcou 75-73 para Ruiz. Marquei 75-74 para Mominov.


Foto: La Prensa