Fácil triunfo de Canelo frente a um inseguro Jermell

02/10/2023

Jorge Luiz Tourinho

1 de outubro de 2023

Na entrevista ao final de sua luta, Erickson Lubin (26-2) tentou explicar a decisão dos juízes que o levou a vencer Jesus Ramos Jr (20-1). O veredito unânime que surpreendeu a mim e aos comentaristas da ESPN se deveu, segundo ele, a bater e não ser golpeado. Vamos analisar isso daqui a pouco.

O que interessa é tentar entender o que levou o falastrão Jermell Charlo (35-2-1) a combater fugindo do grande campeão unificado dos super médios Saúl Canelo Álvarez (60-2-2) sem atirar socos e combinações. Não dá mais para vencer apenas se esquivando e evitando as trocas. O mexicano estava motivado para manter seus títulos WBA, WBC, IBF e WBO e para ser considerado o melhor boxeador peso por peso da atualidade. Esse posto ainda é do meio-médio Terence Crawford (40-0).

A vitória de Canelo foi dominante, clara e impressionante! Resumiu bem o bom locutor ESPN Hugo Botelho: era o confronto entre a caça e o caçador. O caçador deu uma aula de como cortar o ringue e cercar a caça. De quebra bateu com más intenções e nem foi assustado pelas poucas cargas atiradas por Charlo.

O evento de sábado 30 de setembro na T-Mobile Arena de Las Vegas acabou decepcionando um pouco. Esperava que o desafiante – que é campeão unificado dos médios ligeiros – quisesse entrar na história sagrando-se o rei das 168 libras. Nada disso! Álvarez foi fazendo 10-9 a cada assalto – houve um 10-8 – de forma categórica e a Jermell ficou o empenho para terminar de pé. Muito pouco para um megaevento como esse.

Acabou soando patética a fala do treinador Derrick James ao dizer a Charlo no intervalo do décimo round que ele precisava nocautear. As papeletas foram: 119-108 Steve Weisfeld (o mesmo que marcaram o comentarista ESPN Eduardo Ohata e o diretor técnico da Associação Brasileira de Pugilismo Renato Moura) e 118-109 Max DeLuca e David Sutherland. O outro comentarista dos canais Disney, meu ídolo Servílio de Oliveira, eu e o árbitro, juiz e dirigente da ABP Eduardo Balduíno marcamos 120-107. Não conseguimos ver Jermell vencer nenhum capítulo.

O extraordinário azteca disse querer voltar aos quadriláteros em dezembro contra qualquer um e que iniciou uma nova fase. Amanhã ou depois se iniciarão as conversas. Estariam no radar o meio-pesado Dmitry Bivol, o médio Chris Eubank Jr e o super médio David Benavidez. Ou será outro o rival do Canelo?

Preliminares exibidas pela ESPN Brasil.

Médios – Elijah Garcia (16-0) TKO8 José Armando Reséndiz (14-2)

Triunfo importante do jovem (tem 20 anos!) Garcia diante de um bravo e duro oponente que era o número 9 da AMB. Excelente linha e movimentação que, aliadas a poder de punch, o colocam como prospecto a ser acompanhado.

Houve um knockdown antes do árbitro Tony Weeks decretar o fim do cotejo. Garcia vinha na frente nos escores. Há apenas um senão: a maior envergadura e boa técnica deveriam ter levado o vencedor a jogar na longa distância sem se arriscar com trocas francas. Enfim, aguardemos a próxima aparição desse excelente valor.

Meio-médios – Mario Barrios (28-2) W12 Yordenis Ugás (27-6)

Valeu o título interino do WBC. Não me perguntem como e porquê. Não me interessa. Luta equilibrada que acabou definida pelas duas quedas impostas pelo vencedor e pelo seu melhor preparo físico. Ugás estava sem lutar há quase dois anos por causa de uma cirurgia na face. O inchaço no lado direito do seu rosto levou o médico a ser chamado nos quatro últimos tempos.

Talvez seja a hora do cubano se retirar e virar treinador ou manager. Pelo que apresentou, Barrios não é páreo para nenhum dos top-10 dessa divisão. O pior é se o Conselho resolver retirar o cinturão de Crawford e entregar a ele…

Decisão unânime com: 117-108 Tim Cheatham e 118-107 Chris Flores e Steve Weisfeld. Servílio anotou 115-113 e Ohata 115-110. Marquei empate em 113-113.

Médios ligeiros – Erickson Lubin W 12 Jesus Ramos Jr

Foi anunciada como eliminatória aos títulos WBA e WBC. Parece que querem tirar as faixas do Jermelll…

Concordo com os comentaristas da ESPN. Ramos dominou e controlou o ringue. Repito: não serei eu a xingar juízes que marcam diferentemente do que anotei. O fato é que a falta de profundidade que tem o jurado na beira do quadrilátero pode ter sido a causa de termos visto outra luta.

A decisão unânime se deu com: 116-112 John MaKale, 117-111 Patricia Morse Jarman e 115-113 Chris Migliore. Servílio e eu anotamos 120-108 e Ohata 119-109 para Ramos Jr. O pai e treinador Jesus Ramos Sr não esboçou nenhuma ofensa nem protesto.   

Imagem: DAZN