Gervonta brilhou mais que outros craques em evento memorável
08/01/2023
Jorge Luiz Tourinho
8 de Janeiro de 2023
As quatro lutas exibidas na noite de sábado 7 de Janeiro pela ESPN Brasil poderiam, cada uma delas, ser a chamada peleja estelar em qualquer noitada. Espetacular esforço do Premier Boxing Champions (PBC) que não merecia a confusão que paralisou por instantes o combate final. Talvez nós, telespectadores, não mereçamos a quantidade excessiva de intervalos feita pelos canais Disney. Deixem os comentaristas trabalhar!
O último cotejo envolveu os excepcionais pesos leves Gervonta “Tank” Davis (28-0) e Hector Luis García (16-1) que disputaram o título WBA. Vitória por abandono que gerou o nocaute técnico no nono assalto desse extraordinário Gervonta. Fizeram uma luta emotiva e disputada que, na minha marcação, estava empatada até o oitavo tempo. García me surpreendeu pela capacidade demonstrada em combater um monstro na longa distância. Perdeu, mas saiu maior do que entrou no ringue. Seu erro, muito bem apontado pelo também excepcional comentarista Eduardo Ohata, foi ter aceitado o corpo a corpo. O poder de punch de Davis e sua capacidade de absorção foram determinantes para o seu maiúsculo triunfo. É um craque fora de série!
Após a grande vitória, o apresentador da ESPN americana falou em Ryan Garcia. Porque não falou em Devin Haney ou Vasyl Lomachenko? Porque Ryan já tem acordo com o PBC. A lamentar que as unificações com os melhores em cada divisão sejam algo dificílimo de acontecer porque os interesses dos promotores se sobrepõem aos do mundo do Boxe.
A semifinal trouxe outro monstro. Jaron Ennis (30-0) venceu por decisão unânime o movediço ucraniano Karen Chukhadzhian (21-2) em doze capítulos. Valeu uma inacreditável disputa de título interino dos meio-médios da IBF. Mais uma taxa que foi paga…
A luta exibiu o total domínio de Ennis todo o tempo. Os juízes e eu vimos 120-108. Ou seja, Karen apenas sobreviveu de pé. Pouco mostrou para quem é desafiante a alguma coisa. Bem, o que queremos assistir é Crawford Vs Spence Jr e que o vencedor pegue Ennis. Dois combates que levarão fortunas para os boxeadores. Eles merecem! Contudo, acho que nada disso vai acontecer. A menos que haja uma negociação envolvendo os manejadores desses cobras com as entidades reitoras.
No confronto mais equilibrado da noite, uma meia zebra. Roiman Villa (26-1) saiu vencedor por decisão majoritária sobre o então favorito Rashidi Ellis (24-1). Em jogo uma maluca eliminatória pelo cinturão meio-médio da IBF. Ellis vinha à frente, mas pareceu arrogante e foi punido nos episódios finais. As duas quedas no décimo segundo round determinaram a sua derrota.
Villa é um pegador, mas não me parece no nível dos campeões dessa categoria. Enfim, foi bravo e resiliente e saiu com importantíssima vitória. Ellis deve estar se penitenciando pela falta de volúpia em terminar quando teve o combate nas mãos. As papeletas foram: 113-113 (foi o que marquei) e duas 114-112. Eduardo Ohata viu 114-112 para Ellis.
O marcante evento teve seu início, na TV, com a aparição de Demetrius Andrade (32-0) agora como super médio. Quer uma super luta com Canelo Álvarez. Não sei se sairá. Sua estreia nessa divisão se deu com uma clara vitória sobre Demond Nicholson (26-5-1),
A verdade é que Andrade sobrou desde o início. O combate foi, às vezes, confuso porque Nicholson é apenas um guerreiro brigador. Valorizou o triunfo de Demetrius e só. A decisão unânime se deu com três vereditos de 100-88. Anotei 99-87 e Ohata 99-89. Talvez tenha havido um knockdown a favor do perdedor no quinto assalto, mas a sua não marcação não foi determinante para o resultado final.
Foto: Sky Sports