God save the King Canelo

08/05/2023

Jorge Luiz Tourinho

7 de maio de 2023

A coroa continuou na cabeça do Rei do Boxe. Outra vitória categórica e convincente do maior ídolo mexicano levou ao delírio a multidão de fãs que lotaram o Estádio Akron em Guadalajara, México. Não há dúvidas, apenas foi confirmado que Saúl "Canelo" Álvarez (59-2-2) é o maior boxeador peso por peso do momento.

O triunfo começou quando anulou a chave com a qual o bravo oponente John "Gorilla" Ryder (32-6) poderia tentar vencer: atrair a fera de Jalisco e contragolpeá-lo. Com maestria na movimentação e na colocação para golpear, Canelo foi atingindo o valente inglês com o direto de direita por cima da esquerda dele (Gorilla é canhoto) e com bombas de canhota nas costelas. A partir do quarto assalto já esperava a definição antes de percorrida a distância. O que não ocorreu.

As vantagens parciais foram se sucedendo. Houve uma queda no quinto round. Já com o nariz quebrado e perdido nas papeletas, Ryder mostrou gigantescos coração, amor próprio e resistência. Partiu para o toma-lá-dá-cá nos dois últimos tempos. Não obteve êxito na minha opinião, mas foi uma atitude pra lá de meritória. Outros, no seu lugar, teriam ficado na lona ou desistido no córner. Ter ouvido o resultado de pé, talvez tenha sido uma vitória.

A decisão unânime frustrou muitos espectadores que empurravam seu campeão WBA, WBC, IBF e WBO para o nocaute. Os escores foram: 120-107 (o que anotei) e 118-109 (2). Respeito aqueles que trabalham como juízes. Não serei eu a xingá-los. Contudo, não encontrei nenhum capítulo que não fosse 10-9 – teve um 10-8 – para o extraordinário Álvarez.

Muitas vezes colocamos uma ideia para que os leitores reflitam. Farei isso sabendo que poderei não encontrar concordância do meu professor, o grande Paulo Roberto Godinho, nem a do também jornalista Eduardo Ohata. A questão para o Canelo não é mais ganhar dinheiro. Nem cultivar ainda mais a idolatria do seu povo ou da imprensa. É fazer história. Está a cinco vitórias, se vierem em série, para se tornar o maior mexicano de todos os tempos. Triunfos seguidos sobre Bivol, Golovkin, Liam Smith, Benavidez e Beterbiev o levarão para lá. Inclusive, ele entra no ringue como favorito contra todos os citados. Há quem analise que com Dmitry Bivol a luta seja 50-50.

Aos 34 anos, Ryder tem muita lenha para queimar. Recebeu uma bolada que pode fazê-lo abrir uma academia em Londres ou em Oxford e iniciar outra caminhada. Quem sabe um confronto que lhe renda bela bolsa contra GGG?

Alguns super médios falam que gostaria de pegar o Rei do Boxe, mas seu entorno vai buscar a revanche com Bivol. Que Benavidez, Morrell Jr e Berlanga enfrentem outros contendores e esperem a decisão do Canelo.

Preliminares exibidas na DAZN no sábado 6 de maio.

Meio-pesados – Oleksandr Govzdyk (19-1) TKO6 Ricards Bolotniks (19-6-1)

Combate equilibrado que foi definido por um golpe bem aplicado. Intercalaram vitórias parciais com iniciativa e intensidade até que uma bomba abriu caminho para o castigo que levou ao knockdown que evoluiu para o TKO.

Pesos acima de 70 Kg podem produzir resultados como esse. Um belo soco pode acabar com a festa e/ou desfazer o favoritismo. Sinceramente, preciso ver outras apresentações do vencedor para me convencer que alçará voos mais altos.

Penas – Nathan Rodriguez (11-0) W10 Alexander "Popeye" Mejia (19-6)

O jovem e promissor filho de mexicanos de apenas 21 anos foi colocado diante de um veterano para ser testado. Quase não passa na prova! Passou os cinco primeiros episódios apertado pela pressão do Popeye e esteve em dificuldades. Na segunda metade da peleja passou a jogar na longa distância e encontrou a chave para sair invicto do quadrilátero. A seu favor trabalhou certo cansaço do nicaraguense. As papeletas foram: 95-95 (o que marquei), 96-93 e 96-94.

Super leves – Gabriel Gollaz (27-3-1) W10 Stevie "Viking" Spark (16-3)

Verdadeira guerra foi travada! Ambos foram se atingindo na busca pelo KO. O Boxe não é só bater. As esquivas e atributos de defesa também são importantes. Spark visitou o tablado no sexto assalto, mas é outro que tem o coração gigante.

Gollaz é um lutador tipicamente mexicano. Foi para a trocação franca mesmo tendo envergadura maior e boa linha. Desse jeito não chegará a ser campeão mundial. Creio.

Os juízes marcaram 96-93 (2) e 94-96. Decisão dividida. Marquei 96-93 para o Viking.

Título mosca WBC – Julio Cesar Martínez (20-2) TKO11 Ronal "El Gallito" Batista (15-3)

Outra guerra! Martínez aparentemente tem uma postura estranha. Nada disso! Aprimorou uma forma de combater com os punhos baixos. Os atira em golpes curvos de baixo para cima – uppercats e ganchos – e completa as sequências com outros ganchos ou cruzados. Pouco se importa em ser atingido. Ele quer é bater.

Uma falta marota foi marcada contra Batista no quinto. Uma queda não foi considerada pelo árbitro Celestino Ruiz para depois ser paralisado o reinício da luta para a sua anotação. Foi mais ridícula a emenda do que o erro. Enfim… Só vi o Gallito vencer um round.   

Foto: World Boxing News