Jéssica Nery Plata unifica títulos WBA e WBC em grande luta
Jorge Luiz Tourinho
15 de Janeiro de 2023
Um combate emocionante e de excelente técnica marcou a noite de sexta-feira na ESPN Brasil. A guerreira mexicana Jéssica Nery Plata (29-2) arrancou, à moda azteca, uma vitória espetacular em terras canadenses. Quem assistiu talvez concorde comigo quando escrevo que ela mostrou ao mundo a verdadeira cultura pugilística de seu país. Guerra e troca de golpes com velocidade na aplicação dos socos e na movimentação.
O promotor de Kim Clavel (16-1) armou a unificação dos cinturões WBA e WBC das moscas ligeiro sabendo que sua pupila estaria diante da número 1 dessa divisão. A boxeadora canadense teve o domínio em boa parte do cotejo, mas teve dificuldades para conter a esquerda em gancho e as e combinações sempre velozes da duríssima rival. Mesmo assim, exibiu muitas qualidades. A começar pela capacidade de aguentar pancada e jamais esmorecer.
Para mim, o confronto que poderá ser a luta do ano feminina teve duas fases bem distintas. A primeira metade teve Clavel como mandante. De posse do centro do ringue fez a latina se mover em torno dela e aplicou os melhores golpes. Na segunda metade, Jéssica achou a sua distância e produziu os estragos no rosto da brava adversária. Mesmo na trocação franca que empolga o bom locutor Hugo Botelho ela levou vantagem desprezando o fato de estar na distância confortável para ir vencendo os assaltos.
Como já é uma tônica nas lutas entre mulheres, não tiveram pegada para a definição pela via do sono. Somente Clavel bambeou uma vez em dez capítulos. A decisão foi unânime e jogou por terra o comentário que juízes tendem para os locais. Jurados tendenciosos são aqueles incompetentes ou mal formados. Não é o que se vê nos combates em que há cintos importantes em jogo. Guy Girard e Nathan Palmer marcaram 97-93 e John Medfis 96-94. O comentarista Servílio de Oliveira e eu anotamos empate em 95-95.
Preliminares de Laval, Quebéc, exibidas.
A meio-médio Marie-Pier Houle (8-0-1) venceu por decisão unânime a Marisol Moreno (6-4) num combate lento e sem grandes emoções. A canadense foi a vencedora, mas está muito longe de poder tentar título mundial. Pareceu ter cansado. Ou então considerou que nada além de seu triunfo poderia acontecer.
Moreno foi levada ao Canadá sabendo que dificilmente venceria. Contudo, há oportunidades de ganhar boas bolsas que não se pode recusar. Os juízes marcaram 77-75, 79-73 (o que anotou Servílio) e 80-72. Para mim, 78-74 para Houle.
A semifinal valeu o inexpressivo cinto Continental das Américas do Conselho Mundial de Boxe dos super leves. Já fazem quase trinta anos que aboliram o ranking desse campeonato. O promotor que quiser poderá se dirigir ao escritório da Cidade do México e acertar a luta contra qualquer um.
O canadense Mazlum Akdeniz (18-0) não teve nenhuma dificuldade para manter seu título que, infelizmente, nada vale, contra o mexicano Cristian "El Gato Gordo" Bielma (19-4-2). Foi uma espécie de espancamento para saber-se se Akdeniz tem pegada e se Bielma aguentaria o castigo.
O vencedor derrubou nos rounds três, cinco e sete, mas acabou ouvindo o veredito dos juízes. O Gato Gordo é valente e resistente, mas o Boxe não é só bater. A Doce Ciência preconiza que se deve aprender e ter recursos de defesa.
Resultados de 100-87 (3) que foi o que marquei. Até onde poderá ir Akdeniz? Não sei. Esperemos o próximo combate.
Imagem: Tapology