Keith Thurman destruiu Brock Jarvis, e daí?

Jorge Luiz Tourinho
19 de Março de 2025
Imagem: Code Sports
O último dia 12 de março marcou o retorno do grande Keith Thurman (agora 31-1). O ex-campeão WBC dos meio-médios voltou após uma ausência de três anos. Havia certo otimismo porque seu adversário, o australiano Brock Jarvis (agora 22-2), não estava, nem está, no seu patamar, para usar uma expressão do futebol.
O evento no Hordern Pavilion, em Sydney, Austrália, foi muito bem montado. Programa de altíssimo nível! Como sabe fazer nos EUA a PBC que, desta vez, se associou à No Limit Boxing da Terra dos Cangurus.
Como muitos, eu inclusive, previram Thurman demonstrou sua superioridade e destruiu o valente Jarvis no terceiro round. Depois de uma queda, houve a segunda que evoluiu para o nocaute. Os 36 anos pareciam 27!
Embora aparentemente rico, um passarinho deve lhe ter contado que a divisão dos médios ligeiros, categoria em que se encontra, pode oferecer combates milionários contra Terence Crawford (41-0), Jaron "Boots" Enis (33-0) ou mesmo com Tim Tszyu (24-2). A verdade é que Thurman pode pegar qualquer um dos top-15 das 154 libras. Sua única derrota foi para o excepcional Manny Pacquiao, já retirado dos ringues.
Perguntei-me o porquê de levar esse grande lutador para a Oceania. Muito simples. As duas promotoras, aproveitando sua influência sobre as Quatro Grandes do Boxe, resolveram apresentar ao mundo seus boxeadores que querem ver disputar cinturões universais.
Então, usaram aquele velho esquema de trazer boxeadores de menor nível, mas com cartel positivo, para servir de escadas para os seus apoderados. Infelizmente, é uma prática antiga que muitos ainda utilizam. Porque não disputam os títulos regionais que têm ranking?
Como já escrevi diversas vezes, o indispensável site Boxrec não deixa ninguém mentir. É só ver a posição dos contendores nele para apontar o favorito. Nem precisa ver os rivais.
Nenhum dos três adversários dos boxeadores "da casa" estavam na mesma página deles no famoso banco de dados.
Já falamos de Thurman Vs Jarvis. Vejamos as preliminares. Faltou escrever que Jeff Fenech não é mais o treinador de Jarvis por ter discordado do combate contra Thurman. É, existem treinadores com visão.
Mateo Tapia (18-1) TKO5 Sergei Vorobev (20-3-2).
Valeu o cinto Intercontinental dos Médios da FIB. O russo vendeu caro a derrota prenunciada. Depois de quatro assaltos competitivos, Tapia resolveu a peleja com um direto de direita, mas acho que se precipitou o árbitro. Enfim...
Michael Zerafa (32-5) TKO7 Besir Ay (19-2).
Possivelmente, estava em jogo a faixa Intercontinental dos médios da OMB. Outro desses títulos que mais servem para arrecadar taxas de homologação do que outra coisa. Ah, em troca de possível lugar no ranking mundial, é claro. Domínio total do australiano sobre um assustado rival que já imaginava ser a caça. Todos os seis tempos jogados foram 10-9 para Zerafa. No sétimo capítulo, graças a Deus, houveram duas quedas e o nocaute técnico determinado. Luta ruim.
O atual rei IBF e WBO dos médios é o cazaque Zhanibek (ou Janibek) Alimkhanuly (16-0) que tem defesa marcada para 5 de abril desse ano. A No Limit Boxing deve estar trabalhando nos bastidores para que um dos seus dois contratados seja o próximo a enfrentá-lo.