Maravilla Martínez vence outra vez com autoridade
Jorge Luiz Tourinho
27 de janeiro de 2022
O veterano argentino radicado na Espanha, aos 46 anos, mostrou um pouco das qualidades que o levaram ao título mundial dos médios do Conselho Mundial de Boxe (CMB). Além da experiência - tem mais de 50 lutas - tem técnica e invejável condição física. Foi sua quarta vitória seguida desde a volta aos quadriláteros.
Dizer que não teve dificuldades para bater o britânico Macaulay McGowan seria um exagero. O inglês veio disposto a vender a derrota caro, mas não está no mesmo nível de Martínez. Tudo que o europeu fez foi neutralizado pelo vencedor por decisão unânime com certa facilidade. A verdade é que contra oponentes desse patamar Sergio "Maravilla" Martínez (55-3-2) continuará sua trajetória para os rankings mundiais.
McGowan (14-3-1) é um bravo guerreiro cujo futuro, a julgar o que apresentou hoje em Madri, é figurar na quarta prateleira do boxe universal. A menos que seus apoderados consigam programá-lo contra adversários do seu nível para alavancar sua carreira.
Em nenhum momento tive dúvidas do que poderia acontecer. Maravilla triunfaria por pontos ou pela via do sono. Os melhores momentos do perdedor foram quando botou pressão e tomou a iniciativa. Contudo, os contragolpes do platino o fizeram retroceder e deixar o centro do ringue. Resultado: sofreu duas quedas, no sétimo e no décimo assaltos, e a esperada derrota aconteceu. Pesaram como pesos médios. Os escores foram: 99-89 (2) e 98-90 que foi o que marcou o comentarista Servílio de Oliveira. Anotei 100-88 para o claro vencedor.
O locutor da ESPN, Mateus Pinheiro, ficou impressionado com a energia gasta por Martínez. Daí a dizer que ele espera o resultado da unificação entre GGG e Murata é demais. Evidente que aqueles que amam o boxe se entusiasmam quando veem um pugilista voltar da aposentadoria para fazer combates de verdade e se apresentando bem. Acho que é cedo para se exigir que ele seja classificado para fazer um cotejo titular por faixa importante. Antes deve bater um boxeador de primeira ou segunda linhas.
Infelizmente, por aqui vejo a mídia dando todo espaço disponível para divulgar uma luta que não é luta. Um evento de boxe que não terá boxe nem pugilistas. Nem mesmo terá entidade de boxe supervisionando. Por outro lado, alguns se aproveitam da facilidade em aprovar programas de lutas para programar cotejos que serão realizadas na areia!
A legislação parece permitir tudo isso. Estou convencido que o Parlamento tem que votar lei segundo a qual ficarão definidas as entidades que poderão aprovar e supervisionar lutas de boxe e de outros esportes de contato.
Quanto ao Ministério Público, será que espera que alguém morra ou saia da praia cego para agir? Será que, em caso de acidente fatal ou grave, os promotores desses falsos eventos de boxe serão criminalizados? Certamente setores da mídia aproveitarão a desgraça para ganhar audiência ou vender jornal. Gostaria que as verdadeiras entidades reitoras do boxe emitissem notas condenando e mostrando o perigo que ronda esses programas.
Foto: DAZN