Michael Conlan é campeão interino pena AMB

10/08/2021

Por Jorge Luiz Tourinho

9 de agosto de 2021

Falls Park de Belfast, Irlanda do Norte, lotado. Copázios com cerveja nas mãos da maior parte do público. Alguns espectadores com dois copos! Rivalidade levada quase às vias de fato foi o lado ridículo da programação trazida na sexta-feira 6 de agosto pela FOX Sports. O Boxe dispensa esse tipo de inimizade, artificial ou não. O combate já vai ocorrer e os aficionados estarão ligados!

Michael Conlan e TJ Doheny, quarto e quinto classificados no ranking da Associação Mundial de Boxe (AMB), disputaram o seu título interino dos penas. Considerando-se que se tratavam de dois boxeadores que estavam entre os top15 da entidade sediada no Panamá, o cinturão em jogo nada mais foi do que uma forma de arrecadar taxas de homologação. A AMB tem um super campeão, Leo Santa Cruz, e um campeão regular, Leigh Wood. Para quê outro?

De qualquer forma, uma peleja envolvendo dois classificados é uma grande possibilidade de ótima luta. Com essa expectativa, a casa lotou. Ou melhor, o parque encheu. Conlan jogou como canhoto seis assaltos. Não sei porque, nem o que pensou que ganharia com isso. Depois do round inicial de estudos, no qual Doheny saiu vitorioso, o futuro campeão interino dominou. Foi construindo o triunfo com clareza. No quinto tempo aplicou um knockdown e terminou o cotejo exausto. Doheny não mostrou nada além da bravura. Nem mesmo a razão de estar ranqueado.

A decisão foi unânime: 119-108 e 116-111 (2). O comentarista Servílio de Oliveira marcou 118-109 e eu 117-110. Conlan foi para 16-0 e sua empresa Conlan Boxing já está armando um combate com o britânico Leigh Wood. TJ Doheny foi para 22-3.

Preliminares exibidas.

Titulo Silver do Conselho Mundial de Boxe (CMB) super médio

Padraig McCrory (12-0) TKO5 Sergei Gorokhov (11-3-2).

Outro cinto que pouco ou nada vale. Embate animado que teve alternativas. Gorokhov foi derrubado no quarto capítulo e uma hemorragia nasal fez o médico indicar a paralização do cotejo. Agiu certo o árbitro. O tabique do nariz estava quebrado e o russo estava muito incomodado.

Meio-médios - Paddy Donovan (7-0) KO1 José Luís Castillo (9-6-1).

Durou muito pouco. Muitas caretas e atitudes me fizeram esperar algo do perdedor. Ainda girou e atirou alguns golpes no minuto que esteve de pé. Um hook no fígado acabou com o que não deveria ter começado. Donovan tem excelente linha e merece adversários de melhor nível.

Título Intercontinental super leve da Organização Mundial de Boxe (OMB)

Tyrone McKenna (22-2-1) W10 José Felix Jr (39-5-1).

Pelo menos lutaram um europeu e um mexicano pela faixa intercontinental OMB. Bom combate! Felix vem de campanha entre os leves. Não pega, nessa divisão, o mesmo que na categoria abaixo. Foi dominado por um oponente que soube explorar sua envergadura muito maior. Mesmo inferiorizado tecnicamente nunca se entregou. Fez o vencedor trabalhar e muito. Inclusive o levou à lona com um gancho no baço no terceiro assalto. McKenna foi surpreendido mas não esteve a ponto de ser derrotado. Ter levado ao tablado o perdedor no tempo inicial deve tê-lo desconcentrado. Decisão unânime: 97-91, 97-92 e 99-90. O comentarista Servílio de Oliveira anotou 98-90 e eu 97-91.

Detalhe interessante a ressaltar: o juiz não é obrigado a dar 10-8 em caso de queda. Ele pode, e deve, analisar todo o contexto. Se a queda foi um soco fortuito, se o boxeador se agachou para se refazer, e se ele esteve a ponto de ser nocauteado e se o derrubado dominou o assalto. Foi o que ocorreu nessa luta.

Título europeu EBU dos galos

Lee McGregor (11-0) KO4 Vincent Legrand (32-1).

O perdedor é muito bom pugilista mas aparentemente frágil nessa divisão dos galos. Sua trajetória foi toda dos moscas. Seu excelente cartel o credenciou para a disputa. Estava dominando o combate até receber um golpe na linha da cintura. McGregor é um tremendo pegador para esse peso. Compensou a maior mobilidade e variedade de golpes de seu oponente com a dinamite nos punhos. Legrand deve voltar aos moscas.

Foto: Sky Sports