O fenomenal Jaime Munguia
Jorge Luiz Tourinho
12 de junho de 2022
Alguns já escreveram que Jonhatan Cardoso (14-0) será campeão mundial antes mesmo da luta contra Juan Huertas (15-3-1) pelo título latino dos leves da Organização Mundial de Boxe (OMB). Está marcada para o dia 17 próximo em Panamá City. A motivação é simples. Jonhatan é a maior revelação brasileira dos últimos três anos e deu mostras de enorme potencial já observado por promotor norte-americano. Tomara que estejam certos, mas a caminhada é difícil e, quase sempre, um pouco longa.
O que poderemos dizer do excepcional Jaime Munguia (40-0) depois de outro triunfo avassalador? Foi campeão OMB dos médios-ligeiros e está ranqueado em todos os organismos entre os médios. O evento de ontem em Anahein, EUA, no Honda Center, deveria ter o mexicano disputando um cinturão universal. Contudo, sua qualidade tem afastado os atuais campeões de sua frente. Ora são problemas entre os promotores, ora são outros interesses (vide Golovkin indo ao terceiro combate com Canelo). O fato é que, da parceria entre a Golden Boy e a DAZN, surgiu o nome de Jimmy Kelly (26-3).
Quem é esse britânico? Uma análise do cartel existente do indispensável site BoxRec mostrou apenas um oponente com maior nome. Kanat Islam (28-1), então invicto, acabou derrotado por ele numa decisão majoritária considerada zebra. De resto, pareceu-me ser um vencedor de perdedores.
Quem imaginava que Kelly seria mais um tomate a ser amassado, deve ter se surpreendido assim como eu. A despeito de ser nocauteado no quinto assalto, o comentarista DAZN, Chris Mannix, e eu tínhamos o cotejo empatado no final do quarto round! Com boa linha, muita movimentação e bom uso da maior envergadura, o inglês acertou o favorito com bons e significativos golpes. Não se assustou diante da fera de Tijuana. Esperou as bombas saírem para esquivar. Pareceu-me ser um rato de ginásio.
No capítulo número cinco Munguia esperou o momento certo para atirar uma combinação letal de uppercat e direto de direita. Jogado quase fora do ringue, Kelly voltou tentando se mover, mas bravura apenas não basta. Outra enxurrada de socos na cabeça e no corpo o atiraram de novo na lona. Só muita sorte, clinches e fintas o levariam a superar os 25 segundos restantes. Não foi possível. Outra saraivada de murros o derrubaram pela terceira vez. No Estado americano da Califórnia, três quedas no mesmo tempo levam a decretação imediata do nocaute. Medida que poderia ser adotada no Brasil. Espero que o líder Jorge Bueno, do Reduto do Boxe Brasileiro, apadrinhe essa ideia.
O confronto foi na divisão dos super médios. Oscar De La Hoya pensa em movê-lo para essa categoria a busca de combate válido por cinto mundial dos grandes. Se não aparecer nenhum titular das faixas dos médios, pode ser que apareça uma oportunidade de título interino já que Canelo insiste em deixar os desafiantes obrigatórios esperando. Não gosto de profetizar, desde que errei a previsão na qual George Henrique Alonso Arias seria campeão OMB dos cruzadores, mas creio que Jaime Munguia tem tudo para se sagrar campeão mundial dos médios e depois dos super médios.
Preliminares exibidas na DAZN.
Super leves - Oscar Duarte (23-1-1) TKO8 Mark Bernaldez (23-6)
Domínio total do vencedor que fez 10-9 em todos os capítulos. O espancamento foi encerrado pelo árbitro Gerard White acertadamente.
Médios - Carlos Ocampo (34-1) KO1 Martín Rodriguez (4-11-1)
Piada de péssimo gosto. Pelo visual notava-se que o perdedor estava gordo. Foi presa facílima para um boxeador de certo destaque. O primeiro gancho no fígado acabou com aquilo que não deveria ter sido iniciado.
Médios ligeiros - Jorge Estrada (3-0) KO1 Hassan Coleman (0-1)
O perdedor até que começou bem. Aceitou a trocação franca para receber uma bomba no estômago e desmoronar. Estrada precisa de adversários de melhor hierarquia.
Penas - Japhethlee Llamido (8-0) W6 Saúl Hernández (18-16-1)
O mexicano foi contratado para servir de escada para um apenas forte lutador. Não se fixou nos prognósticos e exigiu muito de Llamido. Os três juízes marcaram 60-54 desconsiderando um knockdwon marcado erradamente no sexto assalto. Para mim 59-54 para o vencedor que precisa evoluir muito para continuar nos programas da Golden Boy.
Meio-médios - Alejandro "Pin Pón" Reyes (8-0) TKO2 Moisés Flores (25-7-1)
Lamentável apresentação. Flores é apenas um vencedor de perdedores e pareceu-me ter uma deficiência no caminhar. Apanhou feito boi ladrão até cair. Fez bem o mediador em parar por ali.
Médios ligeiros - Carlos Ortiz (13-5) KO5 Evan Sanchez (11-1)
Foi a única derrota de um dos favoritos no evento. O advogado Ortiz, de 39 anos, saiu da inatividade para nocautear o garoto da Golden Boy, Vinha atrás nas papeletas, mas tem pegada e fez com que ela valesse. Sanchez é meio debochado e fanfarrão. Espero ter recebido a lição. Ortiz quer fazer outras lutas!
Título FIB mínimo - Yokasta Valle (25-2) W10 Lorraine Villalobos (5-4)
Combate medíocre para ser disputa de título mundial. Valle bateu nos dez rounds e Villalobos não mostrou absolutamente nada além de valentia. Os juízes e eu notamos 100-90. Foi uma luta marcada para que a Golden Boy entre na disputa pelo título dos médios da FIB. Munguia com GGG, com Esquiva ou com qualquer um.
Foto: Ring TV