O Monstro Gervonta

01/06/2022

Jorge Luiz Tourinho

31 de maio de 2022

Muita falação com palavrões e ofensas. Essa foi a forma que Rolando "Rolly" Romero (14-1) escolheu para tentar se mostrar ao mundo como um desafiante capaz de voltar para casa com o cinturão. Conseguiu afetar o campeão dos leves da Associação Mundial de Boxe (AMB), o extraordinário Gervonta "Tank" Davis (27-0).

Dentro do ringue do Barcleys Center em Nova Iorque, porém, a coisa se resumiu ao Boxe bem jogado por ambos. Romero, um tremendo golpeador, se movimentou para encontrar a melhor posição. Teve vantagem em alguns assaltos e obrigou o monstro Gervonta a ter cuidados defensivos e recusar a trocação franca.

A peleja seguia com o campeão respeitando seu oponente até que no sexto round um gancho de direita resolveu o combate. Rolly levantou em oito, mas estava trôpego e o árbitro David Fields decretou o TKO. É a vigésima quinta vitória pela via do sono em vinte e sete lutas! Impressionante, em se tratando de pesos leves - limite de 61,230 Kg.

Além da pegada, Davis exibiu muita técnica para evitar as bombas e se colocar para bombardear e vencer. Decretado o nocaute técnico, fez a bobagem de ir ao canto do vencido para insultá-lo. Na transmissão dos Canais Disney foi dito que ele já enfrentou problemas na Justiça por ter agredido a ex-esposa ou uma ex-companheira. Lamentável.

Também durante o evento o extraordinário comentarista Eduardo Ohata nos informou que essa seria a última das lutas que Gervonta tem a fazer com a Mayweather Produtions. Abre-se o caminho para o combate que o mundo quer assistir: Gervonta - Lomachenko. Considerando a possibilidade de Davis fazer sua própria empresa e se associar a Bob Arum que maneja a carreira do notável ucraniano.

Romero foi um bravo e determinado adversário, mas muitos voltaram a considerar que a disputa só saiu porque os dois são (ou eram) contratados da Premier Boxing Champions (PBC) a promotora do evento. Inclusive, a "conquista" do lugar de desafiante obrigatório foi arquitetada pela PBC.

Preliminares exibidas pela ESPN.

Título médio AMB - Erislandy Lara (29-3-3) TKO8 Gary O'Sullivan (31-5)

Domínio amplo e total do campeão Lara o décimo do ranking. Gary pouco ou quase nada fez para dizer ao mundo que queria o cinturão. O atuação apagada que deve ter feito os jornalistas especializados se perguntar como ele foi guindado a uma disputa de faixa importante.

Um knockdown no quarto tempo sacramentou que o combate não chegaria à decisão dos juízes. Mais e mais castigos até que o mediador Benjy Esteves teve a lucidez para acabar com as escaramuças.

Mesmo já veterano, Erislandy tem lenha para queimar e continuará nos quadriláteros. O'Sullivan talvez pendure as luvas. Para quem achou que o argentino Cristian Ríos é top de linha, como definir o cubano Lara?

Médios ligeiros - Jesús Ramos (19-0) W10 Luke Santamaría (13-3-1)

Combate muito bom. Ramos é uma promessa que está sendo levada a pão de ló. Certamente o PBC o levará, no momento oportuno, a uma disputa de cinto mundial. Santamaría também exibiu categoria e justificou sua posição 13 nos meio-médios do CMB. Ramos era o nono do ranking da OMB.

A decisão unânime veio com 98-92 e dois 97-93 que foram as anotações de Ohata e minha.

Super penas - Eduardo Ramírez (27-2-3) W10 Luis Melendez (17-2)

Cotejo duríssimo de difícil marcação. Melendez não respeitou o quarto super pena do CMB e quase provocou uma zebra. De Ramírez se esperava mais contundência. O triunfo veio de forma majoritária: 95-95 (o que marquei), 96-94 e 98-92. Ohata anotou 97-93.    

Foto: Boxing News 24/7