Quarto Arte do Boxe em Mogi Mirim
Por Jorge Luiz Tourinho
25 de agosto de 2021
Mais importante do que os títulos anunciados foi a realização do evento no Clube Mogiano em Mogi Mirim, SP, no dia 21 de agosto. Que a promotora Camila Ribeiro continue na luta e que a Band Sports também!
Sete combates foram para a telinha. As outras preliminares puderam ser assistidas pelo YouTube. Iniciativa mais do que louvável que espero ver prosperar. O Boxe brasileiro precisa de atividade pugilística e esse Arte do Boxe foi programa muito bem executado que poderia chegar à TV mundial. Haja vista algumas jornadas transmitidas do México.
Claro que melhorias já devem estar sendo analisadas pelos donos da marca. Muitas sugestões para a evolução foram sugeridas pelas Redes Sociais. As que enfatizo são: o locutor oficial deu muita importância aos dados biométricos dos boxeadores mas também é necessário divulgar os cartéis e o emparceiramento deve evitar massacres.
A supervisão foi do Conselho Nacional de Boxe (CNB). Não foi anunciada a participação de alguma Federação Paulista. Em disputa cinturões brasileiros, sul americanos e um continental das Américas. A FECONSUR é a substituta da FESUBOX que sucedeu a CLAB. Infelizmente, continua sem ranking e suas faixas são autorizadas para quem tiver interesse.
Seguem minhas observações sobre os cotejos que pude assistir.
Título brasileiro interino médio ligeiro.
Walisson Henrique "Wali" Fagundes (5-1) W10 Morramad de Araújo Santos (5-8).
A moda dos cintos interinos chegou ao CNB. Embora com menos intensidade e movimentação do que o esperado o confronto teve claro triunfo do Wali. Só depois de derrubado no sétimo assalto foi que Morramad resolveu se mover em torno de seu oponente. Aparentemente, ambos cansaram no final. A decisão unânime se deu com três vereditos de 100-89. Marquei 99-90 para o novo campeão interino.
Título brasileiro super leve
Anderson Dener (5-1) TKO8 Matheus Batista Dias (4-1).
Dias começou dominando os dois rounds iniciais. A partir do terceiro Dener reverteu com movimentação e contragolpes. Também deram a impressão de ter dúvidas quanto a energia que tinham para fazer os dez tempos previstos. Matheus visitou a lona no quarto, no sexto e no oitavo quando o árbitro Marcos Reis decretou o nocaute técnico. Dener mostrou qualidades mas é cedo para voos mais altos.
Título FECONSUR super leve
Pedro Guilherme "Magrela" dos Santos (5-2-2) W10 Adauto Silva dos Santos (6-2).
Combate equilibrado de difícil marcação. Os dois buscaram a vitória com o que dispunham e, para mim, houve alternâncias durante o cotejo. A decisão foi unânime com 97-93 e 99-91 (2). Dois juízes só viram Adauto vencer um capítulo... Marquei 95-95. Parece-me cedo para que eles enfrentem os melhores super leves do continente.
Títulos brasileiro e FECONSUR meio-médios
Fernando Luiz "Cruel" Pinto (9-2-1) W10 Sérgio "O Titã" dos Santos Carvalho (13-1).
Luta mais intensa da noite. Pinto teve que trabalhar muito para manter seu cinturão CNB e conquistar o sul-americano. Os melhores momentos do Titã foram quando preparou os golpes e os atirou no corpo e na cabeça. Ao tentar resolver com bombas deu ao vencedor o caminho para as esquivas e contragolpes que deixaram para trás a derrota para Juan Leal. Decisão dividida com as papeletas 99-92, 96-98 e 96-94 (foi o que anotei).
Título brasileiro meio-pesado
Matheus "Locomotiva Mogiana" da Silva (6-0) W10 Bruno César de Paula (3-5).
Verdadeiro massacre. Matheus compensou a pouca quantidade de dinamite nos punhos com muito volume e variedade de golpes. Se fosse chamado a escolher o lutador da noite seria o Locomotiva. Técnico, calmo e humilde na entrevista protocolar da Band Sports. Merece muitas novas oportunidades. O mediador não se sensibilizou com a paliça e deixou ir até o final. Talvez estivesse esperando o córner de Bruno agir. O que não ocorreu. Além disso ainda atrapalhou com a marcação de faltas sem razão de ser. Posso ter ouvido errado os escores. 99-89, 99-88 (foi o que marquei) e 98-88.
Título brasileiro pesado
Igor Adiel Macedo da Silva (10-0) TKO3 Guto Inocente (0-1).
Felizmente para o Boxe o campeão Adiel superou um cruzado de esquerda recebido no final do assalto inicial. Bambeou, não caiu e voltou do primeiro intervalo mais ativo. Ao passar a usar a velocidade para movimentar e atirar golpes dominou e construiu o triunfo inquestionável. Um direto de direita provocou a queda que levou ao TKO. Inocente é fortíssimo mas lento para o Boxe. Veio do MMA e, com seus 121 Kg, teve dificuldades quando precisou cercar o movediço e bom boxeador Igor. Quase provocou uma surpresa no primeiro tempo. O campeão brasileiro e sua equipe devem estar pensando o que fazer nessa dificílima divisão dos pesados. Talvez o CNB possa pensar em limitar as autorizações para que não classificados no seu ranking disputem seus cinturões.
Títulos FECONSUR e Continental das Américas ABF super médios
Yamaguchi Falcão (18-1-1) W10 Gilberto "Yorubá" Pereira dos Santos (16-12).
Vitória esperada. Acabou sendo um massacre já que o valente Gilberto tentou e conseguiu terminar de pé. Lutadores de classe mundial como o Yamaguchi devem ser colocados diante de outros que possam, em teoria, vencê-lo. Equilíbrio faz bem ao pugilismo. O vencedor recebeu alguns golpes e esteve perto de acabar antes do limite apenas no último episódio. Para mim foi surpreendente porque Clebson Tubarão foi para o tablado logo no primeiro assalto. 100-90 (3) devem ter sido as papeletas.
O que farão Yamaguchi e sua equipe com esse cinto Continental das Américas?