Quem poderá vencer Errol Spence Jr.?

20/04/2022

Jorge Luiz Tourinho

20 de abril de 2022

Após a unificação dos títulos meio-médios da Associação Mundial de Boxe (AMB) - o super campeonato -, do Conselho Mundial de Boxe (CMB) e da Federação Internacional de Boxe (FIB), ficou a certeza de que estivemos assistindo um cracaço de Boxe. Errol Spence Jr. (28-0) passou por dificuldade no sexto assalto, mas dominou amplamente um grande oponente. Yordenis Ugás (27-5) acabou batido por nocaute técnico no décimo round por conta do olho direito completamente fechado.

Impressionou o fato de Spence voltar de inatividade causada por descolamento de retina e ter exibido forma exuberante. Resistiu muito bem aos ganchos que o cubano conectou no seu corpo. Além disso, o show! Movimentação, variedade de golpes e trabalho na curta distância para tirar a vantagem de envergadura. Tudo isso sem economia de combustível, com socos e mais socos atirados. Aliás, ambos deram tudo em cima do ringue. Um combate digno de um evento maiúsculo.

Nos cinco primeiros tempos, Errol dominou alternando castigo na cabeça e no corpo. Parecia que tudo estava encaminhando para uma vitória por grande margem. Contudo, um balaço de direita pôs o estadunidense nos calcanhares no sexto capítulo. Acabou sendo providencial a queda do protetor bucal para lhe dar algum tempo. Foi o suficiente para levantar a torcida de Ugás e para fazer Spence voltar com mais energia e atenção para finalizar antes da hora. O trabalho na curta, sempre criando ângulos para bater e se defender, proporcionou espaço para vários uppercats e ganchos.

Seguiram-se três episódios de muito sofrimento para o caribenho até que, no décimo, o médico orientou para a paralização das escaramuças. Acertadamente, o árbitro o acompanhou. Mesmo porque o valente Yordenis já estava vencido e não merecia ir para a lona.

Nesse mesmo programa do Premier Boxing Champions (PBC) realizado em Dallas, EUA, se apresentaram dois possíveis retadores aos cinturões de Spence Jr.

Eimantas Stanionis (14-0) conquistou o título regular da AMB ao vencer por pontos o então campeão Radzhab Butaev (14-1). Acabou sendo uma vingança das duas derrotas que Butaev lhe impôs no amadorismo. Stanionis pode ainda não estar no mesmo nível dos mais destacados boxeadores da divisão welter, mas mostrou muita força física e mental para dobrar um duro adversário. A decisão dividida se deu com: 113-114, 116-111 (o que marquei) e 117-110 (o que anotou Servílio de Oliveira).

O outro meio-médio que está entre os top-15 e saiu vitorioso foi Cody Crowley (21-0). Triunfou categoricamente sobre o veterano Josesito López (38-9). Embora fortíssimo, Crowley ainda não exibiu as condições para que seja considerado como boa opção para a próxima luta de Spence. Bateu muito e só conseguiu um knockdown no sétimo assalto. No mais, recebemos um resultado esperado. Dois juízes deram 98-91 e o outro 99-90 que foi o que marquei. O grande comentarista Eduardo Ohata anotou 100-89.

Há nomes destacados como Terence "Bud" Crawford, Conor Benn, Keith Thurman, Vergil Ortiz Jr, e Jaron Ennis. Quem poderá vencer Errol Spence Jr.?

As outras preliminares.

Entre super leves, Brandun Lee (25-0) venceu em 10 rounds a Zachary Ochoa (21-3). Causou certa decepção a atuação sem a energia habitual de Lee e a forma de combater apenas fugindo para acabar de pé de Ochoa. O vencedor é um pegador emérito e a plateia queria vê-lo perseguindo o nocaute. Não ocorreu. Contentou-se em vencer por pontos enquanto Ochoa em perder pela mesma forma. Os escores foram: 98-92 e 99-91 (2). Servilio e eu pontuamos 100-90.

Nos leves uma gratíssima surpresa. José Valenzuela (12-0) ficou com a faixa Continental das Américas do CMB com um nocaute técnico no primeiro assalto sobre Francisco Vargas (27-4-2). Só pudemos ver que Valenzuela é especial e que o Bandido deve se aposentar dos ringues. Não dá mais para ver um ex-campeão receber castigo e não mostrar nada além da sombra do que foi.

A semifinal, entre leves, trouxe o explosivo Isaac Cruz (23-2-1) detonando o veterano Yuriorkis Gamboa (30-5). Outro que pode pensar em começar a carreira de treinador. Foi derrubado no segundo, no terceiro, no quarto e no quinto tempos. A última queda levou o árbitro a decretar o TKO5. O melhor apelido para Cruz talvez seja Mad Dog. Acho que fica mais condizente com sua caça incessante ao rival. Pitbull pode levar a mais preconceitos sobre essa excepcional raça sintetizada nos EUA. Porém, cinofilia e cães são matérias para o extraordinário jornalista Paulo Roberto Godinho e o juiz Elber do Nascimento.

Foto: Twitter