Tyson Fury confirma favoritismo com nocaute
Por Jorge Luiz Tourinho
10 de outubro de 2021
Por incrível que pareça, o esperado tira-teima não foi exibido em nenhuma TV brasileira. Agradeçamos ao YouTube e aqueles que lá postaram as imagens do combate. A empresa promotora, Premier Boxing Champions (PBC), está associada à FOX dos EUA. Um dos empresários de Fury, Bob Arum, tem sua Top Rank Boxing vinculada à ESPN americana. Nada disso conseguiu trazer pelos canais Disney o eletrizante embate.
A luta teve o domínio do desafiante Deontay Wilder (42-2-1) nos dois assaltos iniciais. No terceiro sofreu a primeira queda que provocou mudança na sua postura. Abriu mão da iniciativa e passamos a ver uma sequência do segundo encontro entre eles. Um direto de direita na têmpora jogou o inglês na lona no quarto tempo no qual ainda houve outro knockdown. A partir daí Tyson Fury (31-0-1) passou a controlar o ringue e a colocar os golpes. Já se aguardava a definição antes da hora e ela veio após outra queda no décimo capítulo e a definitiva no round seguinte. Russel Mora teve muito trabalho para tirar os gigantes dos clinches e estava perto para tomar a decisão de não contar.
O Bombardeiro de Bronze mostrou de novo que é apenas um terrível pegador. Seu percentual de nocautes chegava a 95% de suas lutas. Contudo, seu processo é bem básico: jab de esquerda e direto de direita. Raramente socos curvos de canhota e uppercats. Escassos recursos de defesa o levaram a depender, como em muitas ocasiões, da sua cavalar quantidade de dinamite nos punhos. Nas disputas contra Luís Ortiz esteve atrás nas papeletas mas encontrou bombas que reverteram a situação. Na de ontem, na T-Mobile Arena em Las Vegas, quase desfez o favoritismo do campeão no capítulo quatro. Um oponente maior e com mais envergadura trouxe dificuldades para as quais ele não teve repertório.
O Rei Cigano pega além de boxear. Sua fortaleza mental talvez seja sua maior virtude. Em que pese ter construído vantagem continuou buscando a vitória pela via do sono. Isso faz dele o mais carismático e o melhor peso pesado do momento. Mesmo depois de derrubado duvidou do que havia que fazer para voltar para casa com o cinturão do Conselho Mundial de Boxe (CMB).
Felizmente para o Boxe que tenha triunfado o melhor lutador. Os três juízes, todos americanos, marcaram o cotejo para o britânico até a décima volta. Espero que isso desfaça, pelo menos em parte, a ideia que corre por aqui segundo a qual os jurados se voltam para os locais.
Lamentavelmente, o outro campeão pesado, Oleksandr Usyk, terá que enfrentar Anthony Joshua em outra odiosa revanche sem que tenha havido controvérsia na decisão. Dillian Whyte lutará com Otto Wallin no dia 30 de outubro. Joseph Parker com Derek Chisora em novembro. Teremos que esperar pelo anúncio da próxima exibição de Tyson Fury mas apostaria em Whyte, se ele vencer o sueco.
Quem poderia dar espetáculo contra ele? Andy Ruiz? Michael Hunter? Joe Joyce? Nenhum dos que citei entraria como favorito.
Foto: CBS Sports