Rigondeaux e Lomachenko: luta de diamantes
Por Paulo Roberto Godinho
(Extraído do site Liga de Boxe - Rigondeaux e Lomachenko: luta de diamantes - Liga de Boxe (hospedagemdesites.ws)
Durante o Pan-Americano de 2007 no Rio de Janeiro, a delegação cubana de boxe tinha mais uma vez a pessoa de Pedro Roque Otaño, o "Piter" como treinador. Piter, que me foi apresentado pelo mestre em muay thai Vagner Coelho, numa de suas vindas ao Brasil no ano de 1996; dali pra frente, ficamos amigos e o notável treinador cubano sempre me procurava quando outras vezes andou aqui no Rio de Janeiro.
Naquele ano de 2007 Piter vinha ao Rio trazendo na delegação dois notáveis futuros campeões mundiais, Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara. Fábio Coelho, irmão do mestre Vagner, sabedor da minha amizade com o Piter combinou com ele um encontro nosso na academia Body Tech, no Cittá America, Barra da Tijuca. Encurtando a história, ao saberem que Piter sairia da Vila Panamericana, Rigondeaux e Lara manifestaram desejos de também irem ao nosso encontro, e assim, o Piter assinou a saída dos dois da Vila.
Piter os esperou num portão e eles fugiram da Vila pelo outro, gerando uma confusão que até hoje recordamos. O tempo passou e aqueles dois fujões do Pan 2007 acabaram ambos em Miami, tornando-se depois de alguns anos, campeões mundiais de supergalos e de supermeio-médios, respectivamente. Com altos e baixos, Lara vai levando uma carreira de relativo sucesso; Rigondeaux está invicto, e agora vai realizar a maior aventura de sua carreira contra esse ucraniano de outro planeta chamado Vasyl Lomachenko.
Notáveis campeões
Esta é uma luta, que a bem do boxe arte, eu não gostaria de assistir. Dois excepcionais atletas, tanto no amadorismo como no profissionalismo, de estilos bem diferentes, ambos inteiros de ataque, demonstrando, cada um deles a seu modo e maneira, que são de fato notáveis campeões em suas categorias de peso. O cubano nos supergalos e o ucraniano, nos superpenas.
Agora, certamente pela ganância de bolsas e arrecadações milionárias, fizeram Rigondeaux subir duas categorias de peso e encarar um Lomachenko que está sobrando nas 130 libras. Ao nível deles, Lomachenko leva uma vantagem enorme sobre Rigondeaux, além da idade, o ucraniano tem 29 anos e o cubano 37, as duas categorias de peso, essas sim, podem fazer a diferença.
Procurando motivos que possam influenciar no decorrer da luta, o queixo de Rigondeaux não me dá confiança , quando o imagino sob as verdadeiras barragens de golpes do ucraniano, hipótese que me assusta, só em pensar. Mas Lomachenko também ainda não teve seu queixo testado, e o forte do boxe de Guillermo Rigondeaux são seus hooks mortais na linha da cintura de seus adversários.
Combate para encantar
Por ser um virtuose na arte de boxear, Lomachenko não tem muito cuidado em manter suas costelas bem guardadas. Técnica, valentia e combatividade, ambos têm de sobra, mas resistência a golpes, nenhum dos dois já foi convenientemente testado. Dia 9 de dezembro, no Madison Square Garden Theater de New York (EUA) veremos esse combate, que eu, particularmente, pelas razões acima citadas, não gostaria de vê-lo realizado, mas, uma vez acertado, espero assistir um show de técnica inimaginável.
Não é um combate equilibrado, pois existem circunstâncias físicas que têm que influenciar no correr dos roundes. Rigondeaux extrapolou nos supergalos e deveria continuar reinando por lá, mas a falta de adversários nessa categoria de peso levou seus empresários a alçar esse voo audacioso e aceitar Vasyl Lomachenko como adversário. Felizes dos narradores e comentaristas que terão muita coisa boa para falar. É um combate que tem tudo para encantar a quantos o assistam. Há muitos anos não vejo no mesmo ringue dois diamantes como Guillermo Rigondeaux e Vasyl Lomachenko.
Imagem: Estadão