Shakur Stevenson venceu Robson Conceição e títulos super penas WBC e WBO permanecem vagos
Jorge Luiz Tourinho
25 de setembro de 2022
O invicto e excepcional boxeador estadunidense tinha perdido seus títulos mundiais na balança. Na pesagem realizada na véspera da luta - dia 22 de setembro - Shakur Stevenson (19-0) excedeu em cerca de 800 gramas o limite dos super penas. O combate que se realizou no Prudential Center em Newark, EUA, só daria ao vencedor os cinturões WBC e WBO se este fosse Robson Conceição (17-2).
Isso talvez tenha animado muita gente e as entrevistas do brasileiro foram bastante incisivas. Disse que queria sair de lá como campeão. Seu treinador, Luiz Dórea, também pode se manifestar e afirmou que Shakur nunca havia enfrentado um oponente do nível de seu pupilo. Infelizmente, foram declarações que não se verificaram no dia 23 de setembro.
O domínio do então ex-campeão foi quase que total. Exceto no primeiro assalto, o round que deve ter perdido em todas as papeletas, Stevenson foi o dono do ringue e se impôs com iniciativa e controle das ações. Deixou a marca de um verdadeiro craque e vai para a divisão dos leves para fazer história com possíveis embates com Gervonta Davis e Vasyl Lomachenko, entre outros. Mesmo sem ser um pegador, construiu um triunfo maiúsculo e indiscutível com o trabalho no corpo e na cabeça aliado a sua enorme capacidade de defesa.
O cotejo, com o passar dos tempos sendo vencidos por Shakur, só apresentaria surpresa se Conceição nocauteasse. Em nenhum momento a via do sono esteve na ordem do dia. Nem mesmo no quarto quando houve o knockdown marcado contra Conceição. Assim sendo, a decisão unânime foi anunciada sem nenhuma dúvida ou espanto. Lynne Carter e Steve Weisfeld marcaram 117-109 e John Signorile 118-108. O comentarista da ESPN americana foi o ex-boxeador Andre Ward que deu 119-107. Não viu Robson fazer 10-9 em nenhum episódio. O árbitro David Fields marcou uma falta marota contra Shakur no nono. Daí a pontuação de 119.
Agora anunciado como peso leve, Stevenson abrilhantará este cenário cheio de grandes pugilistas. Certamente fará eventos milionários contra os maiores dessa categoria. Já pensaram no confronto entre Gervonta Davos e ele? Ou, quem sabe, com o vencedor da revanche entre Devin Haney e George Kambosos Jr.? Ou talvez com Lomachenko, se a guerra permitir?
Robson Conceição não teve uma grande atuação, mas, com a ida de Shakur para os leves, fica com a possibilidade de lutar novamente por títulos universais. Basta, para isso, que o promotor Bob Arum da Top Ranking queira que aconteça.
Analisando apenas a maior parte dos períodos porque o arquivo do YouTube que assisti não os exibiu inteiros, pude verificar algumas coisas que descrevo a seguir. Pareceu-me que Robson não estava preparado para um canhoto com envergadura menor que a dele. Girou quase sempre para a sua direita quando, para oponentes canhotos, se indica caminhar para a sua esquerda. Os desafiantes necessitam mostrar que querem os cintos com intensidade e volume de golpes. Não foi o produzido pelo baiano nessa noite. Inclusive, depois do gongo do décimo período, estava claro que os juízes dariam a vitória a Shakur. Mesmo assim, o cotejo continuou no mesmo ritmo sem variações que permitissem imaginar um nocaute salvador.
Fábio Maldonado perdeu na Argentina.
No dia 17 de setembro, no Club Municipal Logomarsino em Pilar, Argentina, o campeão brasileiro dos cruzadores foi derrotado pelo platino Yamil Peralta (14-1). Estava em jogo o título Internacional do WBC, importante cinturão pois dá acesso à relação de desafiantes ao seu título mundial.
Notícias que vieram do país vizinho dão conta que Peralta dominou desde o início. Derrubou no segundo e no terceiro assaltos para que a decisão de TKO3 fosse decretada. Maldonado foi para 28-6.
Imagem: Ag. Fight