Stephen Fulton Jr unifica títulos super galos CMB e OMB
Jorge Luiz Tourinho
28 de novembro de 2021
A luta nos chegou via ESPN Brasil que tem exibido muitos programas do Premier Boxing Champions (PBC). Entretanto, o combate que tinha a previsão de eletrizante foi uma decepção. Aliás, as três contendas mostradas nos fizeram classificar o evento de sábado 27 de novembro como o pior do PBC nesse ano. O MGM Park em Las Vegas, EUA, estava montado para uma noitada marcante que não aconteceu. Talvez tenha marcado pelo lado negativo já que o investimento foi alto e os ingressos também.
O então campeão super galo do Conselho Mundial de Boxe (CMB), Brandon Figueroa (22-1-1), apesar de sua grande envergadura para essa divisão, manteve sua fórmula da trocação insana. Esperava, como em vitórias anteriores, afogar o adversário e submetê-lo a castigo na zona hepática para triunfar. Somente em três capítulos pôde colocar em dificuldades o então titular do cinto da Organização Mundial de Boxe (OMB), Stephen Fulton Jr (20-0).
Fulton tomou a iniciativa no primeiro assalto e buscou encurtar a distância e golpear. A partir do segundo, Figueroa decidiu caçá-lo e jogar na curta, às vezes na média. Produziu uma verdadeira briga empurrando até com a cabeça e atirando saraivadas de socos. Poucos atingiram o corpo ou a cabeça de Fulton. A esse poderia restar o caminho de tourear a fera já que não tem poder de punch, ainda mais no infight. Nos rounds em que fez isso, Fulton os venceu com autoridade. Quando optou em aceitar o corpo-a-corpo levou alguma desvantagem e teve que atirar golpes e mais golpes para dar aos juízes a certeza que dominava também nesse modo de luta.
A verdade é que Figueroa não justificou os elogios prévios do excelente comentarista Eduardo Ohata. Não passa de um brigador que, se deixarem, vai batendo até produzir algum dano ou conseguir vantagem. Fulton também decepcionou já que era o cotejo para bater e cair fora. Fazer Brandon andar para ele, esquivar e contragolpear. Os cotovelos protegeram as costelas e tiraram o perigo maior dos murros na cintura mas correu riscos ao aceitar o toma-lá-dá-cá.
Ao final da extenuante disputa veio a decisão majoritária. David Sutherland 114-114 e Tim Cheatham e Dave Moretti 116-112 que foi o que marquei. Ohata anotou 116-112 para Figueroa. Ambos pesaram 55,300 Kg e deram tremendo trabalho ao bom árbitro Russell Mora.
Preliminares
Galos - Gary Antonio Russell (19-0) W10 Alexandro Santiago (24-3-5)
Enfrentamento um tanto quanto estranho. Embora tenha excelente linha pugilística, Russell não conseguiu girar e fugir quando apertado. Apelou para clinches e mais clinches que seriam exagerados no Brasil. Predominou explorando a sua maior envergadura. Contou com uma certa falta de agressividade de Santiago que venceu alguns tempos quando apertou. Russell era o segundo classificado na Associação Mundial de Boxe (AMB) e o nono da Federação Internacional de Boxe (FIB). Santiago é mexicano e era o quinto do CMB.
Não me parecem favoritos em futuras disputas contra os campeões mundiais dessa divisão. Mais uma decisão majoritária aconteceu. 95-95 e 96-94 (dois juízes e eu). Eduardo Ohata marcou 97-93 para o vencedor.
Super galos - Ra'esse Aleem (19-0) W10 Eduardo Baez (20-2-2)
Aleem é meio fanfarrão mas deu espetáculo. Fez a melhor luta da noite com um bravo guerreiro mexicano que lhe exigiu muito para o triunfo. Disse para quem quisesse ouvir que os atuais campeões dos super galos o evitam como evitavam os médios ao lendário Marvin Hagler...
Tem boa linha e pegada mas recebeu muitos golpes que mostraram uma séria deficiência no posicionamento da mão esquerda e na movimentação. Alternou o domínio com Baez. Um choque de cabeças no sexto tempo atrapalhou o azteca. Talvez pudesse o árbitro Celestino Ruiz parar ali mesmo e ir para as papeletas. Não o fez e chegamos à distância pactuada. Outra decisão majoritária com 95-95, 96-94 (foi o que Ohata e eu marcamos) e 98-92.
Fatalmente o PBC levará Aleem a uma disputa de título mundial. Mesmo que não entre como favorito.