Tim Tszyu confirmou o título WBO com fácil vitória sobre Brian Mendoza

24/10/2023
Jorge Luiz Tourinho

24 de outubro de 2023


Resta saber, depois do categórico triunfo de Tim Tszyu (24-0) sobre Brian “La Bala” Mendoza (22-3), se sairá a luta que o mundo do Boxe quer ver. Tszyu contra Jermell Charlo (35-2-1). Já foi em boa hora que a WBO destituiu de seu título médio ligeiro o norte-americano por se recusar a cumprir o acordado com ela.

Isso poderá ser o maior fator de impedimento para a grande luta dessa divisão. Charlo é manejado pela influente PBC que o está levando para combates mais lucrativos no grande mercado americano. O filho de Kostya tem como empresário uma grande promotora australiana que está fazendo mega eventos por lá com ele nas lutas finais.

Alguns analistas apontam a possibilidade de sair a disputa dos cintos que ainda dispõe Charlo com ninguém menos que Terence Crawford (40-0) se a revanche com Spence Jr. não decolar. Tudo parece conspirar contra o embate Tszyu – Charlo. Pelo menos por enquanto. Se ambos conquistarem duas ou três novas vitórias, a história será outra.

O cotejo do dia 14 de outubro no Gold Coast Convention Center na cidade de Broadbeach, Austrália, não teve surpresas. Tszyu foi controlando desde o começo com categoria e técnica. Mais uma vez foi muito feliz o extraordinário comentarista ESPN Eduardo Ohata. Definiu com precisão o que víamos: - “Tszyu faz um trabalho metódico e sistemático de demolição.”.

Mendoza provocou zebra espetacular quando nocauteou Sebastian “Torre do Inferno” Fundora. Porém, diante do grande campeão Tszyu quase nada pode realizar. Apenas terminar de pé sem sofrer nenhuma queda e ouvir a decisão unânime. Sinceramente, não o vi vencer nenhum assalto. 120-108, portanto. Ohata marcou 118-110. Os juízes: Steve Gray 116-112, Adam Height 116-111 e Katsuhiko Nakamura 117-111.


As preliminares exibidas pela ESPN (geração da Showtime?).


Médios (ou meio médios) – Hassan Hamden (7-0) W8 Danvers Cuschieri (3-2)
Na Austrália pouca ou nenhuma atenção se dá aos cartéis e a programação de lutas equilibradas. O que me parece é que querem levar seus boxeadores a vencer. Pouco importa a qualidade dos oponentes.

Foi o caso dessa luta. Desequilibrada, apesar da pretensa rivalidade entre os contendores. Se Hamden foi trazido para a TV mundial para ser mostrado, foi quase um fiasco. Bateu, bateu e não definiu. Enfim, esperemos outra aparição dele.

Papeletas: Phil Austin 78-74, Paul Tapley 79-73 (foi o que marquei) e Paul Williams 77-75. Ohata pontuou 80-72.


Pesados – Toese Vousiutu (6-1) TKO4 Julius Long (18-27-1)
Considero uma piada de péssimo gosto trazer para um ringue de evento importantíssimo um ex-boxeador para ser massacrado. Long é cozinheiro num restaurante dessa região turística. Toese quase não encontrou a via do clorofórmio. Se o veterano quarentão Long tivesse mais preparo físico, daria para ouvir a decisão dos jurados. Enfim, viva o samba!


Super galos – Shanell Dargan (3-1-2) W8 Amber Amelia (3-2)
Mesmo sendo iniciantes no profissionalismo, valeu o cinto australiano. Contudo, fizeram boa luta. Provaram que o equilíbrio faz muito bem ao Boxe.

Dargan tem mais envergadura e linha. Dominou com alguma dificuldade pelo empenho da brava rival. Ohata marcou 78-74, Os três juízes e eu demos 77-75. Não me falem em revanche entre elas, por favor.


Super penas – Jackson England (15-2) W10 Nathaniel May (22-4)
Anunciada como título australasiano da IBF! Bom combate produziram. Rounds equilibrados dão decisões divididas sem que seja eu a xingar os juízes. Ohata e um dos juízes marcaram 96-94 para May. Os outros dois deram 96-94 para England. Anotei 98-92 para May que não protestou nem seu corner.


Penas – Sam Goodman (16-0) W12 Miguel Flores (25-5-1)
Porque 12 tempos? Para preparar Goodman para disputa de título mundial. Vitória ampla e incontestável do número 1 da IBF e da WBO sobre um valente e trabalhador adversário.

Um knockdown no oitavo capítulo trouxe a ilusão que o excelente australiano nocautearia o mexicano. Nada disso. O mediador John Watson ainda marcou duas faltas contra Flores. Não lembro mais porque…

Certamente, Goodman irá buscar um cinturão qualquer. Não tem muita pegada, mas compensa com muita intensidade e movimentação. Eduardo Ohata viu 120-105. Eu entendi 118-107. Os juízes marcaram: 120-105 (2) e 118-107. Acertamos!   


Imagem: The Sydney Morning Herald