Tony Yoka Venceu Sem Brilhar
Por Jorge Luiz Tourinho
O grande nome do boxe francês parece ser o peso pesado que foi campeão olímpico no Rio de Janeiro em 2016. Alto, fortíssimo e dono de boa linha pugilística, Tony Yoka foi a atração maior da noitada na Arena Nantes. Invicto no profissionalismo e treinando nos Estados Unidos, talvez seja o nome capaz de fazer a nobre arte local voltar às telas das TV francesas.
A teoria é boa e faz sentido. Porém, há diversos fatores a serem levados em conta. O primeiro deles é analisar o que foi apresentado diante de outro lutador. Ou seja, não adianta querer vencer o Rei Cigano. É preciso estar em condições de fazê-lo quando, e se, chegar a hora. Pressa no boxe quase sempre é furada.
Na jornada de sexta-feira, 5 de março, Yoka foi colocado diante do belga Joël Tambwe Djeko para a disputa do título dos pesados da União Europeia que estava vago. É a segunda divisão da União Europeia de Boxe (EBU) cuja primeira é a EBU e a terceira a EE-EU. O favoritismo do francês foi mais considerado pelo seu oponente do que pela mídia. Em toda a luta mostrou-se apenas interessado em terminar o cotejo de pé. Foram doze assaltos da mesma ação: Yoka jogando o jab de esquerda e o direto de direita e Djeko girando e fugindo. Nenhuma variação e quase nenhum contragolpe. Fosse disputada no México, a contenda seria vaiada.
Somente no terceiro tempo o gigante belga abriu a caixa de ferramentas e jogou quatro murros bem defendidos. O ex-medalhista de ouro contentou-se com a vitória por pontos nos capítulos que se seguiram na mesmíssima toada. Jab-direto e fuga. O comentarista Servílio de Oliveira bem observou: quem tem a vantagem construída deve buscar abreviar o combate. Assim foi: vitórias parciais de 10 a 9 até o décimo segundo round. No derradeiro assalto, não sei porque, Yoka partiu para a definição. Encurralou um assustado adversário e desferiu uma enxurrada de golpes. Um deles atingiu o já inchado olho direito provocando a desistência no estilo 'No más' de Duran.
Durante a transmissão o bom locutor Hugo Botelho da ESPN Brasil informou que o vencedor queria um novo enfrentamento com Joe Joyce, inglês que foi o medalhista de prata no Rio 2016. Analisando o que aconteceu nessa luta na França, não teria a menor dificuldade em cravar Joyce como franco favorito. Está num patamar superior, pelo menos no atual momento. Se pudesse opinar diria para seus apoderados programarem novas disputas desse cinto EU. Yoka foi para 10-0 e Djeko para 17-3-1.
Preliminares exibidas.
Título IBO leve - Estelle Yoka-Mossely (9-0) W10 Virena Kaiser (14-2) - um cinturão mundial menor mas válido para boxeadoras ainda em ascensão. Equilibrada, a disputa também careceu daquele instinto assassino que têm os mexicanos. Clara vitória da francesa mas a alemã foi oponente digna. Marquei 96-94. Servílio 98-92. Os juízes? Bem, perdão. Meu francês é menos que primário...
Super-leves - Warren Esabe (3-0) W4 Suleiman Kartoum (2-1) - duas promessas da França cujo enfrentamento agora talvez tenha sido precipitado. Esabe é diferente na guarda e na movimentação mas tem a agressividade que tanto agrada o público norte americano que compra o pay-per-view. Para mim 39-37. Para Servílio 40-36. Não entendi o locutor oficial quando informou as papeletas.
Médios - Farrhad Saad (8-0-1) W8 Borislav Ivanov (9-2) - ampla superioridade do francês que carece de pegada. O búlgaro perdeu todos os capítulos mas mostrou bravura e resistência além de buscar o triunfo com as armas que dispunha. Servílio e eu marcamos 80-72. Fico devendo o resultado oficial.
Foto: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tony_Yoka