Vitória dominante de Eubank Jr o coloca como desafiante a título mundial dos médios
Jorge Luiz Tourinho
4 de setembro de 2023
Mais do que vencer a revanche e se vingar do algoz que o nocauteou em janeiro desse ano. Foi o triunfo dominante e inquestionável que colocou Chris Eubank Jr (33-3) como um dos nomes entre os pesos médios. Fatalmente, o nocaute técnico no décimo assalto sobre Liam Smith (33-4) fará com que o filho do ex-campeão dos super médios Chris Eubank seja catapultado aos lugares mais altos dos rankings mundiais.
Esperava um combate mais equilibrado, mas o que vimos foi uma luta de um só boxeador. O castigo metódico e sem pressa só nos levou a pensar que o KO viria antes do tempo pactuado (12 rounds). Um confuso tempo inicial deixou a imagem de cotejo parelho. Nada disso. A partir do segundo capítulo o domínio de Eubank foi claro. Houve uma queda no quarto episódio e outra no décimo. Mesmo tendo respondido à contagem de oito, a pressão quase sem revide levou o árbitro Kevin Parker a parar com a festa.
Beefy Smith ensaiou uma reclamação. Porém, soou quase como patética. Nada realizou em dez assaltos. Nem mesmo mostrou desejo de vencer. É um grande boxeador, mas, se é para se apresentar lento e sem mobilidade, é melhor que se retire e passe a outra função. Com sua família, ele poderá abrir uma academia em Manchester, cidade onde se realizou o evento da Boxxer.
Por outro lado, Chris Eubank Filho se colocou como o principal britânico da divisão dos médios. Por incrível que possa parecer, ele não quer disputar título mundial! Disse preferir confrontos com Gennadiy GGG Golovkin ou Conor Benn. Está mais interessado em fazer fortuna com combates midiáticos. Bem, quem sabe o empresário Benjamim Shalom o faz mudar de ideia.
Devo fazer aqui uma Mea Culpa. Escrevi que essa luta não seria transmitida para o Brasil. Errei e lanço meu agradecimento aos dirigentes da ESPN e da sua equipe. A informação me chegou depois de publicado o artigo.
Preliminares exibidas na ESPN no sábado 2 de setembro.
Pesados – Frazer Clarke (8-0) TKO6 David Allen (21-6-2)
O vencedor foi medalhista olímpico e está sendo levado pela Boxxer a voos mais altos. Contudo, mostrou-se como mais um gigantesco peso pesado lento e sem inspiração. A vitória clara e mais do que esperada quase não aconteceu. Duas faltas por golpes abaixo da linha de cintura foram marcadas contra ele no sexto assalto. Houve ainda um terceiro que o mediador Michael Alexander resolver deixar pra lá.
Allen foi apenas um teste a mais para o atleta da casa. De cartel positivo, foi escolhido a dedo para que Clarke triunfasse. De preferência, de forma categórica. O que não ocorreu.
Vale aqui uma observação: porque os contratados para pelejar com os lutadores da empresa do Sr. Shalom não se empenharam a fundo? Allen abandonou no intervalo do sexto round com uma perfuração num dos tímpanos. Talvez caísse antes de chegar ao oitavo tempo. Estava sem combustível…
Super leves – Adam Azim (9-0) W10 Aram Faniyan (23-2)
Parece que valeu o título WBA Internacional ou Intercontinental. Ou coisa que o valha! O ucraniano começou bem. Deu a impressão que exigiria muito do jovem – tem 21 anos – inglês de origem paquistanesa que é outra promessa que está sendo levada com muito cuidado pela Boxxer.
Depois de três episódios duros e disputados. Faniyan foi aceitando o domínio de Azim e, no final das contas, acabou sendo ótimo ter ouvido as marcações dos juízes.
Decisão unânime com: 99-91 Rene Flebig, 98-92 Steve Gray (o mesmo que marcou o excepcional comentarista Eduardo Ohata) e 100-90 Manuel Oliver Palomo. Para mim foi 97-93.
Azim exibiu excelente linha e tem pegada. Aparentemente, foi jogado às feras. Aram tinha três vezes mais lutas que ele e uma só derrota. Na prática, foi um obstáculo a mais que foi superado na caminhada por cinturão importante. O cara é outro ídolo. Mais até que Eubank Jr.
Imagem: Bad Left Hook